Por
IgorEliezer
Hoje é 15 de novembro de 2012, e "recordar é viver".
Li um artigo da Wikipédia sobre os antecedentes e contexto em
que houve a proclamação da república e a queda do império. Achei muito
interessante e gostaria de compartilhar para a gente entender esse dia.
Devo destacar que este artigo é considerado como de excelente
qualidade com fartíssima referência de outras obras.
Pedro II e a abolição da escravatura que custou o império (e
como conservadorismo ingrato venceu)
pela Wikipédia
O Apogeu do reinado: Um abolicionista no trono
A vitória diplomática sobre o Império Britânico e a vitória
militar sobre o Uruguai em 1865, seguida da bem-sucedida conclusão da guerra
com o Paraguai em 1870, resultou no que foi chamado de "era dourada"
e apogeu do Império brasileiro. A década de 1870 foram bons anos para o Brasil
e a popularidade do imperador era maior do que nunca. Progressos foram feitos
tanto na esfera política quanto na social e todos os segmentos da sociedade
foram beneficiados com as reformas e pela prosperidade nacional crescente. A
reputação internacional do Brasil melhorou consideravelmente graças a sua
estabilidade política e potencial de investimento. O império era visto como uma
nação moderna e progressiva sem equivalente nas Américas, com a única exceção
dos Estados Unidos. A economia começou rapidamente a crescer e a imigração
floreceu. Estradas de ferro, navegação e outros projetos de modernização foram
adotados. Com "a escravidão fadada à extinção e outras reformas
projetadas, as perspectivas de 'avanços morais e materiais' pareciam
vastas".
Em 1870, poucos brasileiros eram contrários à escravidão, e
ainda menos brasileiros opunham-se publicamente à ela. Pedro II era um dos
poucos que o faziam, considerando a escravidão "uma vergonha
nacional". O imperador nunca possuiu escravos. Em 1823, escravos formavam
29% da população brasileira, mas essa porcentagem caiu para 15,2% em 1872.A
abolição da escravatura era um assunto delicado no Brasil. Escravos eram usados
por todos, do mais rico ao mais pobre. Pedro II desejava por fim à escravidão
gradualmentepara pouco impactar a economia nacional.Ele conscientemente
ignorava o crescente prejuízo político à sua imagem e à monarquia em
consequência de seu suporte à escravidão.
O imperador não tinha autoridade constitucional para diretamente
intervir e por um fim na escravidão.Ele precisaria usar todas seus esforços
para convencer, influenciar e ganhar suporte entre os políticos para atingir
sua meta. Seu primento movimento público contra a escravidão ocorreu em 1850,
quando ele ameaçou abdicar a menos que a Assembléia Geral declarasse o tráfico
negreiro no Atlântico ilegal.
Após a fonte estrangeira do fornecimento de novos escravos ter
sido eliminada, Pedro II dedicou sua atenção no começo dos anos 1860s em
remover a fonte restante: a escravidão de crianças nascidas como escravos.
Legislação foi feita através de sua iniciativa,mas o conflito com o Paraguai
atrasou a discussão da proposta na Assembléia Geral. Pedro II abertamente pediu
a gradual erradicação da escravidão na Fala do trono em 1867. Ele foi
pesadamente criticado, e seu movimento foi condenado como "suicídio
nacional".Opositores frequentemente diziam que "a abolição era seu
desejo pessoal e não o desejo da nação". Por fim, foi decretada a lei
"Lei do Ventre Livre" em 28 de setembro de 1871, sob a qual todas
crianças nascidas de mulheres escravas após aquela data eram consideradas
livres.
Declínio e queda (I): Decadência
Na década de 1880 o Brasil continuou a prosperar e a diversidade
social aumentou notavelmente, testemunhando inclusive o primeiro movimento
pelos direitos da mulher. Por outro lado, as cartas que Pedro II escreveu neste
período revelam um homem cansado do mundo, cada vez mais alienado e pessimista.
Ele permanecia fiel às suas obrigações como Chefe de Estado e era meticuloso em
seu cumprimento, apesar de frequentemente sem entusiasmo. Por causa do
crescente "indiferentismo do Imperador pela sorte do destino do regime"e
por sua falta de atitude em defesa do sistema imperial quando ele começou a ser
questionado, historiadores têm atribuído a "principal, talvez única,
responsabilidade" pela queda da monarquia à Pedro II.
Após a sua experiência com os perigos e obstáculos de governo,
as figuras políticas que surgiram na década de 1830 olharam para o Imperador
como provedor de uma fonte fundamental de autoridade essencial tanto para
governar quanto para a sobrevivência nacional. Estes velhos estadistas morreram
ou se retiraram da vida pública até que, nos anos 1880, eles haviam sido quase
todos substituídos por uma geração mais nova de políticos que não haviam
experienciado os primeiros anos do reinado de Pedro II, quando perigos internos
e externos ameaçaram a existência da nação. Eles haviam apenas conhecido uma
administração estável e prosperidade. Em grande contraste com aqueles da era
anterior, a nova geração não via razão para manter e defender a instituição
imperial como força benéfica unificadora para a nação. O papel de Pedro II em
atingir uma era de unidade nacional, estabilidade e bom governo eram agora
ignorados e desconsiderados pelas elites dirigentes. Por seu sucesso, o
Imperador havia tornado sua posição desnecessária.
A falta de um herdeiro que pudesse prover de forma possível uma
nova direção para a nação também diminuiu as perspectivas a longo termo para a
continuação da monarquia brasileira. O Imperador amava sua filha Isabel, mas
ele considerava a ideia de uma sucessora feminina como contrária ao papel
requerido de um governante do Brasil. Ele enxergava a morte de seus dois filhos
homens como um sinal de que o Império estava destinado a ser suplantado. A
resistência a aceitar uma mulher governante também era compartilhada pela
classe política. Apesar da Constituição permitir a sucessão feminina ao trono,
o Brasil ainda era um país bastante tradicional, e apenas um sucessor masculino
era percebido como capaz de ser um Chefe de Estado.
O republicanismo era um credo elitista que nunca floresceu no
Brasil, e que tinha pouco apoio nas províncias. Mas uma ameaça séria à
Monarquia foi a combinação de ideias republicanas e a disseminação do
Positivismo entre os oficiais de baixa e média patente no exército, o que levou
a indisciplina nas tropas. Eles sonhavam com uma república ditatorial que
acreditavam ser superior a monarquia democrática liberal.
Declínio e queda (II): A abolição da escravatura e o golpe de
Estado republicano
A saúde do Imperador declinava consideravelmente,e seus médicos
sugeriram que ele buscasse tratamento na Europa.Ele partiu em 30 de junho de
1887. Enquanto em Milão ele passou duas semanas entre a vida e a morte,
recebendo até mesmo a extrema unção. Em 22 de maio de 1888, ainda na cama se
recuperando, recebeu a notícia de que a escravidão havia sido abolida no
Brasil.Deitado na cama, com uma voz fraca e lágrimas nos olhos, ele disse:
"Grande povo! Grande povo!".Pedro II retornou ao Brasil e desembarcou
no Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1888. O "país inteiro o recebeu com um
entusiasmo jamais visto. Da capital, das províncias, de todos os lugares,
chegaram provas de afeição e veneração."Com a devoção expressada pelos
brasileiros com o retorno do Imperador e da Imperatriz da Europa, a monarquia
aparentava gozar de apoio inabalável e parecia estar no ápice de sua
popularidade.
A nação brasileira desfrutava de grande prestígio no exterior
durante os anos finais do Império,e havia se tornado um poder emergente no
cenário internacional. Previsões de perturbações na economia e na mão-de-obra
causadas pela abolição da escravatura não se realizaram e a colheita de café de
1888 foi bem-sucedida. Contudo, o fim da escravidão desencadeou em uma
transferência explícita do apoio ao republicanismo pelos grandes fazendeiros de
café. Detentores de grande poder político, econômico e social no país, os
fazendeiros apreciaram a abolição como confisco de propriedade privada. Para
evitar uma reação republicana, o governo aproveitou o crédito fácil disponível
no Brasil como resultado de sua prosperidade. Ele disponibilizou grandes
empréstimos a juros baixos aos cafeicultores e distribuiu fartamente títulos de
nobreza e outras honrarias a figuras políticas influentes que haviam se tornado
descontentes. O governo também tomou medidas indiretas para administrar a crise
com os militares revivendo a moribunda Guarda Nacional, que então existia
praticamente apenas no papel.
As medidas tomadas pelo governo alarmaram os republicanos civis
e os militares positivistas. Estes entenderam as ações do governo como uma
ameaça aos seus propósitos, o que os incitou à reação. A reorganização da
Guarda Nacional foi iniciada pelo gabinete em agosto de 1889, e a criação de
uma força rival levou os dissidentes no corpo de oficiais do exército a
cogitarem atos extremos. Para ambos os grupos, republicanos e militares
dissidentes, havia se tornado um caso de "agora ou nunca". Apesar de
não haver desejo entre a maior parte da população brasileira para uma mudança
na forma de governo,os republicanos civis passaram a pressionar os oficiais
civis a derrubar a monarquia.
Os positivistas realizaram um golpe de Estado em 15 de novembro
de 1889 e instituíram uma república.As poucas pessoas que presenciaram o
acontecimento não perceberam que se tratava de uma rebelião. A historiadora
Lídia Besouchet afirmou que "[r]aramente uma revolução havia sido tão
minoritária." Durante todo o processo Pedro II não demonstrou qualquer
emoção, como se não se importasse com o desenlance.Ele rejeitou todas as
sugestões para debelar a rebelião feitas por políticos e militares. Quando
soube da notícia de sua deposição, simplesmente comentou: "Se assim é,
será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou
descansar". Ele e sua família foram mandados para o exílio na Europa,
partindo em 17 de novembro.
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Artigo completo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil
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"Pedro II do Brasil pode ser considerado um raro exemplo de
chefe de estado que, apesar de ser impressionantemente amado por seu povo,
apesar da admiração e aclamação internacional, apesar de ter sido
instrumentador de avanços de grandes reformas sociais e econômicas, apesar de
contemplar um período de prosperidade e influência sem igual durante o reinado
de seis décadas [crescimento do PIB em média 3,88% ao ano, 8ª economia do
mundo, nação comparável aos EUA, e grandes superávits na balança comercial], e
apesar de ser considerado um governante de grande sucesso até o fim, sofreu por
fim deposição e exílio. A revolução republicana que substituiu o Império acabou
em décadas de instabilidades e ditaduras." (tradução livre minha) http://en.wikipedia.org/wiki/Decline_and_fall_of_Pedro_II_of_Brazil(em
inglês)
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