O Brasil, um país sem política industrial
Miriam Leitão, O Globo
O PIB ficou
estagnado no primeiro trimestre. É isso que mostraram os dados
divulgados ontem pelo Banco Central. O governo vai agir e de novo pensa
em medidas casuísticas e que beneficiem a indústria automobilística.
A
lei da oferta e da procura deveria valer para as montadoras. Se há
carro demais no pátio, as empresas deveriam dar desconto, oferecer
vantagens para atrair o consumidor, em vez de pedir socorro ao governo.
O
Brasil não tem política industrial, tem política para a indústria
automobilística. A cada engasgada da economia, os ministérios da Fazenda
e do Desenvolvimento desenham medidas para ajudar as montadoras, e a
presidente aprova.
O que está sendo pensado agora é uma sucessão
de erros. A Fazenda quer a redução do recolhimento compulsório ao Banco
Central, para haver mais dinheiro para financiamento de automóveis;
determinou que a Caixa e o Banco do Brasil facilitem os empréstimos;
quer ampliar para mais de 60 meses as prestações para compra de carros.
Vai conversar com os bancos para que eles ofereçam mais crédito.
O
que está errado aí? Tudo! Recolhimento compulsório é para fazer
política monetária. Quem deve decidir qual o volume de dinheiro que os
bancos precisam manter no Banco Central é o Banco Central. É um
regulador que ele sobe ou desce dependendo da necessidade de combater a
inflação ou reativar a economia. Não pode ter como objetivo vender
carro.
A carteira de financiamento de automóveis teve um aumento
de mais de 100% na inadimplência. Saiu, no começo do ano passado, de
2,5% de atrasos com mais de 90 dias para 5,7%. Não é muito, mas o ritmo
do crescimento assusta. É natural que os bancos — todos eles, inclusive
os públicos — sejam mais seletivos na concessão dessa carteira até
entender o que está acontecendo.
Cinco anos para comprar um
automóvel é um prazo mais do que razoável. Incentivar o
superendividamento das famílias por prazo longo demais apenas para
esvaziar o pátio das montadoras é insensatez.
Entre
as mudanças que o PT estabeleceu na política brasileira contemporânea,
nenhuma foi tão significativa quanto as que impôs ao conceito de CPI.
Concebido como instrumento da minoria para investigar o governo, passou
por diversas mutações.
A primeira, com o PT ainda na oposição, foi a de se ter transformado em espetáculo político e palanque eleitoral.
O
PT, como se recorda, por qualquer razão – ou mesmo sem nenhuma -,
propunha que se instalasse uma CPI. Lula chegou a declarar: “Quanto mais
CPIs, melhor”.
E assim o partido firmou imagem de perseguidor de corruptos e defensor da moral pública.
Se não houvesse fato concreto – como exige a lei -, tratava-se de providenciá-lo.
Ficou
célebre a parceria do partido com alguns procuradores da República,
projetando a figura de um deles, Luiz Francisco de Souza, versão cabocla
do inquisidor Torquemada, curiosamente ausente desde que o PT chegou ao
poder.
A parceria era simples – e descarada: um jornalista aliado
registrava algum rumor, envolvendo alguma figura do governo. Não era
necessário nem mesmo um vago indício; o rumor servia.
Mediante
aquele registro, o procurador abria sindicância, realimentando o
noticiário, que, de rumor em rumor, ganhava voo próprio e foros de
verdade.
O PT, então, entrava em cena, pedindo uma CPI. Foi assim
com o ex-chefe da Casa Civil de FHC, Eduardo Jorge, que teve sua vida
pessoal e profissional devassada, sem que o acusassem de um único fato
concreto.
A lógica era esta: se não há fatos, pior para os fatos.
Era preciso atingir Eduardo Jorge para, por meio dele, quem sabe,
encontrar algo de desabonador contra o presidente.
Nesse caso
específico, porém, não deu certo: a CPI não saiu e Luiz Francisco foi
condenado na Justiça e indenizar sua vítima por danos morais.
Vera Magalhães, Folha de S. Paulo
A blindagem tem aval do governo. A orientação é deixar Cabral, "governador do Estado que vai sediar a Copa e a Olimpíada'', como diz um auxiliar de Dilma, fora da polêmica.
Perillo está se sentindo abandonado pelo PSDB, por Ilimar Franco Ilimar Franco, O Globo
O governador Marconi Perillo (GO) está irritado com a tibieza do PSDB em fazer sua defesa no caso Cachoeira. Na terça-feira, dia 15, no apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Brasília, Marconi cobrou solidariedade ativa dos dirigentes tucanos. Ele fez amarga reclamação do senador Cyro Miranda, herdeiro de seu mandato, que se nega a defendê-lo. Marconi foi taxativo: se ele cair, as perdas não serão apenas regionais, mas afetarão os projetos e planos nacionais do partido.
Política
Vaccarezza: no peito de assassinos da verdade também bate um coração
A mensagem
enviada por Cândido Vaccarezza a Sérgio Cabral, interceptada pelo SBT, é
sobretudo um caso de polícia: o deputado federal do PT promete ao
parceiro do PMDB que Fernando Cavendish não será interpelado na CPI do
Cachoeira sobre as relações mais que perigosas entre a Delta e o
governador do Rio.
A promessa foi cumprida na mesma quinta-feira.
Cabral pode dormir tranquilo e desfrutar sem sobressaltos das noitadas
em Paris. A Turma do Guardanapo escapou de mais uma.
A prova
material do crime não se limita a reiterar que o parlamentar paulista
trata a pontapés os valores morais, as normas éticas, os bons costumes e
o Código Penal. Como registra o comentário de 1 minuto para o site de
VEJA, o recado cafajeste também desmascara um impiedoso inimigo da
língua portuguesa.
O
sumiço dos dois pontos entre preocupe e você, por exemplo, denuncia o
torturador da gramática. E a amputação do s na última palavra do “nós
somos teu” avisa que Vaccarezza juntou-se ao chefe Lula na guerra de
extermínio movida contra o plural.
Não é pouca coisa. E não é
tudo. A menção ao PMDB revela que o acasalamento do PT com o maior
partido da base alugada atravessa outra zona de turbulência.
Em
contrapartida, o tom do recado confirma que a seita já não considera
obrigatório o casamento consanguíneo. Até a descoberta do mensalão, os
devotos só podiam manter relacionar-se afetivamente com gente do
rebanho.
Transferida do templo das vestais de araque para o bordel
da base alugada, a companheirada foi liberada para cair na farra com
qualquer parceiro.
Antes do escândalo do mensalão, Vaccarezza não
escaparia da expulsão sumária por ter cometido dois crimes hediondos:
adultério interpartidário e violação do primeiro mandamento da seita,
enunciado de meia em meia hora por José Dirceu: “O PT não róba e não
deixa robá”.
Agora rouba e deixa roubar. Defeito virou virtude.
Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Só é feio perder eleição.
E bandidos de estimação não podem ser sequer convidados a explicar-se
em CPIs.
Nesta sexta-feira, Vaccarezza nem ficou ruborizado com a
descoberta de que no peito da bandidagem também bate um coração.
Tranquilo como todos os condenados à impunidade, acariciou o PMDB com
uma imaginosa reinterpretação da mensagem.
“Vai azedar, podia
azedar… ali foi um momento de irritação meu”, fantasiou. E se negou a
discutir a relação com Cabral. “Eu não quero declarar. Isso é uma
correspondência privada. Eu não vou contribuir para mostrar a outra
parte da conversa. É uma correspondência privada entre duas pessoas”.
Leia a íntegra em Vaccarezza: no peito de assassinos da verdade também bate um coração
Fala, Dilma, por Cristovam Buarque
Em
debate na UnB, o Embaixador Correa do Lago pediu dez sugestões para o
discurso que a Presidenta Dilma fará na abertura da “Rio + 20”. As
minhas sugestões foram:
1. O discurso deve começar pela frase: “A
Humanidade está em risco”. As crises ambiental e financeira estão
mostrando que se esgotou o casamento promovido pela civilização
industrial entre a Democracia Política, a Justiça Social, o Crescimento
Econômico e o Avanço Técnico-Científico. Durante a Guerra Fria havia
forças que tentavam parar a marcha da insensatez para a guerra nuclear.
Agora, a marcha da insensatez parece não ter adversários. A voracidade
do lucro e do consumo se alinha, conduzindo o mundo para o aquecimento
global, o desemprego, a migração e a desigualdade.
2. Se nesta
reunião os chefes de Estado e de Governo pensarem apenas como políticos,
olhando para os problemas do curto prazo e do local, e não como líderes
da humanidade, olhando adiante, estaremos sacrificando uma imensa
oportunidade. A humanidade não pode continuar definindo seu futuro com
base no tamanho do PIB de seus países. É preciso redefinir o conceito de
progresso, encontrar novos critérios e índices que meçam de fato o
Bem-Estar, a Paz, o Emprego e a Harmonia entre os seres humanos e deles
com a Natureza.
3. Precisamos de uma Política Fiscal Verde
Internacional. Não faz sentido que impostos sobre produtos fósseis
tenham as mesmas alíquotas que produtos harmônicos com a natureza. Mas a
gravidade de um mundo global exige que a Política Fiscal Verde seja
resultado de um acordo mundial. A Rio+20 deve ser o momento para esta
ideia ser considerada.
4. Certos patrimônios naturais, como
grandes florestas, oceanos e os polos geográficos devem ser protegidos
da ganância econômica e ficar livres de depredação. Nossos países são
partes do grande Condomínio Terra. Acordos internacionais devem limitar a
própria soberania nacional no que se refere ao uso dos patrimônios
nacionais que tenham impacto sobre a vida e o bem-estar das futuras
gerações.
Leia a íntegra em Fala Dilma
Política
O julgamento nos EUA do senador que escondeu a amante e um filho
Merval Pereira, O Globo
Desde abril é
possível acompanhar um julgamento aqui nos Estados Unidos que parece
impossível acontecer em terras brasileiras, e, no entanto, por tudo que
se conhece, deveria ser frequente.
Trata-se do júri popular a que
está submetido o ex-senador John Edwards, candidato a vice na chapa
democrata de John Kerry em 2004 e várias vezes candidato a candidato à
Presidência da República, acusado de seis crimes, todos relacionados ao
uso de dinheiro de campanha eleitoral para esconder e sustentar uma
amante com a qual teve um filho.
O julgamento de John Edwards
ocorre na pequena cidade de Greensboro, de 270 mil habitantes, na
Carolina do Norte, estado pelo qual Edwards foi senador.
A
história tem todos os ingredientes de uma novela, sem direito a final
feliz, com doses de dramalhão mexicano que vão desde a mulher com câncer
à exploração de uma herdeira milionária de 101 anos.
Na campanha
de 2008, quando mais uma vez tentou ser indicado candidato do Partido
Democrata à Presidência, Edwards se envolveu com Rielle Hunter, uma
especialista em videografia que trabalhava em sua campanha, e a
revelação desse caso fez com que ele tivesse que abandonar a campanha
eleitoral.
Antes, porém, tentou escondê-lo, negando que o filho
fosse seu, e chegou a gravar uma entrevista no programa Nightline, um
dos mais importantes jornalísticos da rede de televisão ABC, admitindo o
caso, mas garantindo que ele havia terminado e que o filho não era seu.
Ao
mesmo tempo, Andrew Young, um assessor de sua campanha, apresentou-se
como o pai da criança, mesmo sendo casado com três filhos.
Descobriu-se
depois que o assessor assumiu a paternidade por dinheiro, originário
basicamente de dois doadores milionários da campanha: Rachel Mellon, a
herdeira de 101 anos do banqueiro e filantropo Paul Mellon, e o advogado
texano Fred Baron, tesoureiro da campanha de Edwards que fez sua
fortuna defendendo vítimas de exposição ao amianto.
Leia a íntegra em Dessemelhanças
Aliados querem Vaccarezza fora da CPI
Mensagem do deputado petista ao governador Sérgio Cabral constrangeu parlamentares
Eugênia Lopes e Denise Madueño, O Estado de S. Paulo
Surpreendidos
com o flagrante da troca de mensagens via celular entre Cândido
Vaccarezza (PT-SP) e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB),
integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira
defenderam nesta sexta-feira, 18, o afastamento do deputado petista,
ex-líder do governo, do colegiado.
O comportamento de Vaccarezza,
de tentar blindar Cabral na CPI, irritou os aliados, em especial os
petistas que, em conversas reservadas, consideraram “insustentável” a
permanência do ex-líder do governo como um dos integrantes da comissão.
O
envio da mensagem, em que o parlamentar avisa ao governador que a
relação entre o PT e o PMDB pode azedar na CPI, mas insinua que ele será
protegido, foi flagrado por um cinegrafista da emissora SBT na
quinta-feira, 17.
A CPI decidiu não convocar para depoimento
nenhum dos governadores que supostamente teriam ligações com o
contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ao poupar
governadores, instalou-se uma suspeita de clima de “pizza” na CPI.
O
PT não vai, no entanto, pedir a cabeça de Vaccarezza em praça pública.
Apesar de irritadas, lideranças do partido adotaram uma postura de
defesa de Vaccarezza. Esperam que o próprio deputado decida deixar a
CPI. “Espero que no bom senso dele ele avalie o que é melhor”, resumiu o
líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).
Publicamente, o
líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), também defendeu Vaccarezza,
tentando minimizar a troca de mensagens entre o deputado e o governador
peemedebista.
“A mensagem é a opinião que ele (Vaccarezza) pode
ter. Não é motivo (de substituição na CPI), porque a opinião dele não
tem efeito prático nenhum. O Cabral não está sendo objeto de convocação.
É mais uma prestação de serviço de forma desnecessária”, disse o líder
petista.
“Não vejo razão para ele sair”, emendou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que tem feito dobradinha com Vaccarezza na CPI.
Mas enquanto o PT evita apregoar o desejo de ver Vaccarezza fora da CPI, o mesmo não ocorre com outros integrantes da Comissão.
Mas enquanto o PT evita apregoar o desejo de ver Vaccarezza fora da CPI, o mesmo não ocorre com outros integrantes da Comissão.
“A
CPI não é o Vaccarezza”, observou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
“Mas há a violação do princípio da impessoalidade. Acho que ele pode se
declarar impedido de participar da CPI”, defendeu.
Leia mais em Aliados querem Vaccarezza fora da CPI
Política
Militares articulam comissão paralela
Sete oficiais da Marinha vão integrar o grupo que acompanhará os trabalhos da Comissão da Verdade do governo
Iniciativa do Clube Naval também tem o apoio de militares de Exército e Aeronáutica
Folha de S. Paulo
Militares
reformados das três forças resolveram se unir para acompanhar os
trabalhos da Comissão da Verdade, instituída pela presidente Dilma
Rousseff.
Uma comissão paralela foi criada pelo Clube Naval para
acompanhar os trabalhos da Comissão da Verdade. A cada parecer da
comissão do governo, o grupo pretende dar sua versão sobre o tema.
"Escolhemos
oficiais e sócios que participam do dia a dia do clube. Decidimos
formar um grupo para acompanhar os trabalhos da comissão e as
discrepâncias em relação à nossa verdade", disse o almirante Ricardo da
Veiga Cabral, do Clube Naval.
Sete militares reformados da Marinha
foram escolhidos para integrar o grupo que acompanhará os trabalhos da
Comissão da Verdade. Todos tem formação em direito.
Em reunião, na
quinta-feira, na sede do Clube da Aeronáutica, no centro do Rio, os
presidentes dos clubes militares apoiaram a iniciativa do Clube Naval de
criar uma comissão paralela.
Assinante do jornal leia mais em Militares articulam comissão paralela
Política
Não usem nariz de palhaço, pediu o staff da Dilma. E aí...
Presidente e ministro cancelaram visita a campus de Diadema por 'questões de agenda'
Cristiane Nascimento, especial para o Estadão.edu
A
presidente Dilma Rousseff e o ministro da Educação Aloizio Mercadante
participariam [ontem], 18/5, da inauguração de dois novos prédios da
Unifesp no campus Diadema. A visita, no entanto, foi adiada de última
hora.
Segundo a assessoria da Presidência, as mudanças aconteceram meramente por "questões de agenda".
Muitos
dos professores e alunos da instituição não foram avisados a tempo
sobre o cancelamento da visita e se prepararam para a inauguração, mas
foram impedidos de entrar. "Demos com a cara na porta", disse uma
docente da universidade.
Juntos, eles se preparavam para uma manifestação pacífica, na qual entregariam uma carta ao ministro.
Segundo
a professora, os assessores da presidente se reuniram com alunos e
docentes durante a semana e tentaram convencê-los a não irem à cerimônia
vestidos de preto e com narizes de palhaço - a caracterização
reforçaria a adesão dos dois grupos à Campanha Nacional de
Reestruturação da Carreira Docente.
"Eles nos diziam que as fotos do dia seguinte, produzidas pela imprensa, poderiam ficar feias."
Mesmo
diante do cancelamento da solenidade, a diretoria do campus recebeu
deputados e o prefeito de Diadema, Mário Reali. Segundo a assessoria da
Unifesp, não houve tempo hábil para que a estrutura já montada fosse
desfeita, o que inclui a presença dos convidados externos e o serviço do
coquetel.
Política
Julgamento do mensalão deve acontecer só em agosto
Revisor, Lewandowski quer concluir voto até junho e lembra expectativa da sociedade
Carolina Brígido e Ana Paula de Carvalho, O GLOBO
O
ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, está
tentando concluir seu voto até meados de junho. No gabinete dele, a
maior parte dos assessores foi deslocada para trabalhar no processo.
Se
a expectativa for confirmada, o julgamento do processo poderia ocorrer
em agosto, e não neste semestre. Isso porque o Supremo Tribunal Federal
(STF) tem recesso marcado para julho, e o julgamento tem previsão de
durar pelo menos um mês.
Foto: Henry Milleo / “Gazeta do Povo”
Uma
solução para realizar o julgamento logo seria iniciá-lo na sequência da
apresentação do voto de Lewandowski e estender as sessões pelo mês de
julho. No entanto, muitos ministros se opõem a essa fórmula — inclusive o
relator, Joaquim Barbosa, que planeja viagem de férias.
Portanto,
o mais provável seria o julgamento começar em agosto. Essa hipótese
traz um detalhe: Cezar Peluso vai se aposentar e não deverá participar
da votação.
[Ontem], no 3º Congresso Brasileiro de
Direito Eleitoral, em Curitiba, Lewandowski comentou o andamento do
processo e disse que tem trabalhado em ritmo acelerado para garantir o
julgamento do processo ainda este ano.
— Este ano, ainda julgaremos. A expectativa é não só dos ministros, mas da sociedade e também minha — assinalou.
No entanto, ele mencionou que o processo é extenso, com mais de 60 mil páginas:
— É um trabalho complexo, que tem que ser feito com muita seriedade .
Política
Três dos onze ministros do STF defendem abrir salários
Corte decide 3ª feira como Judiciário aplicará Lei de Acesso em relação aos servidores
Carolina Brígido, O Globo
Pelo
menos três dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal defendem
abertamente a divulgação dos salários de todos os servidores públicos
como medida essencial da Lei de Acesso à Informação.
Em entrevista
ao GLOBO, Marco Aurélio Mello e Joaquim Barbosa afirmaram que, por ser
dinheiro público, os cidadãos têm o direito de saber seu uso. O
presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, concorda. O tribunal decidirá
se haverá divulgação das folhas de pagamento do Judiciário em reunião na
próxima terça-feira.
- Sou totalmente a favor da divulgação do
salário de qualquer servidor do Estado. Se recebeu dinheiro público, tem
a obrigação de revelar, disse Barbosa.
- Meu ponto de vista está
expresso no voto que proferi no mandado de segurança. Como há lei
recente dispondo sobre a matéria, vamos ouvir os demais
ministros, afirmou Ayres Britto ao lembrar julgamento no qual o STF
manteve públicos os valores dos salários dos servidores do estado de São
Paulo.
Em junho de 2011, o STF autorizou divulgação, na internet,
da remuneração bruta mensal dos servidores da cidade de São Paulo. A
medida foi adotada pelo prefeito Gilberto Kassab; depois, o Tribunal de
Justiça de SP proibiu.
Em 2009, Gilmar Mendes autorizou a
publicação e a decisão foi confirmada pelo plenário. A decisão foi
unânime. Só estava ausente o ministro Cezar Peluso.
Orçamento: previsão de gastos é elevada em R$ 1,3 bilhão
Governo afrouxa contingenciamento e libera recursos para despesas não obrigatórias
Cristiane Jungblut, O Globo
O Ministério
do Planejamento informou nesta sexta-feira, na segunda avaliação
bimestral da execução do Orçamento da União de 2012, que decidiu ampliar
em R$ 1,32 bilhão os gastos nas chamadas despesas discricionárias, onde
estão os investimentos dos ministérios.
Com isso, o governo
afrouxa um pouco o contingenciamento anunciado em fevereiro, que foi de
R$ 55 bilhões, sendo R$ 35 bilhões diretamente nas chamadas despesas
discricionárias. Em março, o governo havia apertado um pouco mais,
subindo para R$ 35,4 bilhões o congelamento das discricionárias,
liberando agora R$ 1,32 bilhão.
Segundo os dados da segunda
avaliação bimestral do ano, encaminhada ao Congresso, a ampliação dos
gastos é necessária por conta de um aumento nas despesas obrigatórias,
em R$ 2,6 bilhões, e ainda da aprovação de créditos adicionais e
extraordinários para outros Poderes, em quase R$ 800 milhões.
A
receita líquida (descontadas as transferências a estados e municípios)
aumentou em R$ 4,9 bilhões. Mas houve queda expressiva na previsão da
arrecadação de impostos para o ano.
Segundo o governo, a previsão
de arrecadação tem uma redução de quase R$ 10 bilhões para o ano, diante
da fixação original. Mas essa queda na arrecadação dos impostos foi
contrabalançada pelo aumento na arrecadação das chamadas contribuições e
outras receitas não administradas, que tiveram uma variação de R$ 13,4
bilhões na previsão.
Política
Vereadores são presos e prefeito é acusado de corrupção em Alagoas
Eles são acusados de corrupção por autorizarem venda de um terreno
Odilon Rios, O Globo
Sete
vereadores da cidade de Rio Largo, a 25 quilômetros de Maceió, e quatro
empresários - um deles diretor da Usina Utinga Leão, que fica na cidade
- foram presos na noite desta quinta-feira acusados de corrupção, por
autorizarem a venda de um terreno, avaliado em R$ 21 milhões, por R$ 700
mil, pertencente ao município.
Três vereadores são considerados
foragidos. O Ministério Público de Alagoas pediu a prisão do prefeito da
cidade, Toninho Lins, mas o Tribunal de Justiça ainda não decidiu sobre
o assunto.
Conforme investigações do Grupo Especial de Combate às
Organizações Criminosas (Gecoc) - que começaram após denúncia da TV
Pajuçara, afiliada da Rede Record no estado - o prefeito encaminhou à
Câmara dos Vereadores da cidade projeto de lei para adquirir uma área de
252 hectares, da Usina Utinga Leão, em processo de falência, para a
construção de casas populares.
O valor da desapropriação da área seria de R$ 700 mil - a serem pagos à usina.
A
Câmara autorizou a operação, mas, as casas não foram construídas.
Assim, o prefeito encaminhou novo projeto à Câmara, desta vez pedindo
autorização para vender o terreno a uma empresa comercial, pelos mesmos
R$ 700 mil. Só que uma avaliação feita na área, a pedido do MP, contatou
que o terreno valia R$ 21 milhões.
Leia mais em Vereadores são presos e prefeito é acusado de corrupção em AlagoasEconomia
Dilma a Lula: país está preparado para crise
Flávia Pierry e Gustavo Uribe, O Globo
A
presidente Dilma Rousseff manifestou na sexta-feira ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva preocupação com a crise europeia, mas disse
acreditar que a economia brasileira está preparada para atravessar o
momento de turbulência e defendeu uma maior aproximação com os países
emergentes.
O relato foi feito por líderes petistas que
participaram de almoço com a presidente em um restaurante tradicional,
na zona oeste da capital paulista. No encontro, de cerca de uma hora,
Dilma detalhou o cenário da crise que atinge alguns dos principais
países europeus e comentou sobre o protagonismo do Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China) na atual conjuntura.
A presidente afirmou
que o Brasil “está pronto para qualquer cenário” e pregou, segundo um
líder petista, a adoção pelos países emergentes de uma linha de atuação
em comum nos organismos internacionais. Ela disse ainda que o governo
federal está pronto para tomar as medidas que julgar necessárias e
recebeu o conselho, de seu antecessor no cargo, de estreitar as relações
com a China.
— A discussão do almoço foi principalmente sobre a
situação na Europa, país a país, e o papel do Brics e seu protagonismo
regional. O encontro também tratou da situação delicada pela qual passou
a Índia — afirmou o pré-candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad,
que participou do almoço.
Leia mais em Dilma a Lula: país está preparado para crise
Economia
Conta de luz poderá ter redução de 20%
Governo estuda diminuição de impostos para aliviar tarifa. Metade das empresas vai ter revisão tarifária este ano
Mônica Tavares, O Globo
A
conta de luz deverá ficar 20% mais barata. Este é o objetivo do governo
federal e das empresas que vêm trabalhando em conjunto para acelerar a
redução. Para que se torne realidade o mais rápido possível, vários
encargos e impostos que compõem a estrutura tarifária devem ser
reduzidos ou até zerados. A proposta vale para todos os consumidores de
energia, incluindo pessoas físicas e indústria.
A ideia da
presidente Dilma Rousseff, segundo fontes próximas ao Palácio do
Planalto, é retirar da tarifa de energia todos os encargos de cunho
social, usados para atender as populações de baixa renda. Os recursos
para essas áreas viriam de outras fontes. Somente seriam mantidas na
tarifa as taxas operativas, a exemplo da taxa de fiscalização usada para
manter a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Leia mais em Conta de luz poderá ter redução de 20%
Economia
Há sério risco de corrida a bancos europeus, alertam analistas
Eles indicam, ainda, risco de desestabilização da zona do euro se um país deixar o bloco
Deborah Berlinck, O Globo
O
economista alemão Guntram Wolff, do Instituto Bruegels, em Bruxelas,
alertou sexta-feira que “há um sério risco de corrida para retirada de
depósitos nos bancos em diversos países da Europa”, especialmente no
Sul. A possibilidade de um pânico levar à fuga de depósitos nos bancos
também não foi descartada por outro economista ouvido pelo GLOBO,
Augusto Hasman, do Observatório Francês de Conjunturas Econômicas.
—
Cada vez vez mais depósitos e financiamentos com bônus dos bancos estão
sendo retirados de vários bancos na Grécia, mas também em Portugal e na
Espanha — diz Wolff, que fala em “várias centenas de milhões de euros”
em saques.
Para Hasman, o maior risco é o pânico:
— Na
Espanha, há pessoas que já começam a tirar dinheiro dos bancos, mesmo
que os depósitos estejam garantidos. Mesmo com bancos em boa saúde, há
risco.
Mundo
Berlusconi recebe absolvição definitiva por caso Mediatrade
Ex-premier italiano foi acusado por superfaturamento de direitos televisivos e cinematográficos
A
Corte de Cassação, órgão máximo do Judiciário italiano, confirmou nesta
sexta-feira a absolvição do ex-premier italiano Silvio Berlusconi das
acusações de fraude fiscal e apropriação indevida no processo
Mediatrade. Além de Berlusconi, outras 11 pessoas estavam envolvidas no
processo. O ex-premier italiano enfrenta ainda dois casos por corrupção e
fraude fiscal e um terceiro, em que é acusado de pagar por sexo com uma
prostituta menor de idade.
Mundo
Hollande confirma retirada de tropas francesas do Afeganistão
Presidente anunciou, porém, que França continuará ajudando o país ‘de outra forma’O Globo
O presidente da França, François Hollande, afirmou nesta sexta-feira que continua com a sua posição eleitoral que defende a retirada das tropas francesas do Afeganistão até o fim deste ano. Hollande está nos Estados Unidos para participar de uma cúpula do G-8 e anunciou sua postura sobre a questão na Casa Branca, logo após se reunir com o presidente americano Barack Obama.
O francês, que tomou posse na terça-feira, disse que o país vai continuar apoiando a missão da Otan no Afeganistão “de um modo diferente”, sem explicitar que ajuda seria essa. Durante a campanha, Hollande prometeu retirar os mais de três mil soldados franceses que estão no país antes da data programada.
Mas os comentários feitos após o encontro com Obama podem indicar um compromisso em tirar os soldados do combate, mas deixar alguma presença francesa no Afeganistão. De acordo com o Exército francês, existem ainda cerca de 900 veículos, 1.400 contêineres e helicópteros franceses no país.
Leia mais em Hollande confirma retirada de tropas francesas do Afeganistão
Mundo
México: Terceiro general é preso por ligações com crime organizado
Advogado de general preso no México afirma que há irregularidades no processo
Elisa Martins, O Globo
Braço-direito
do presidente Felipe Calderón na guerra iniciada em 2006 contra o crime
organizado, o Exército entrou na mira da Justiça mexicana. O governo
abriu uma investigação contra três generais de alto comando do Exército
numa mesma semana — dois deles já reformados em cargos de confiança.
Eles
ficarão detidos por 40 dias, tempo que será usado para a apresentação
de provas de supostas ligações dos militares com o narcotráfico. A
terceira prisão, dois dias depois da detenção de dois generais
mexicanos, despertou a indignação da opinião pública a um mês e meio das
eleições presidenciais e reabriu a discussão sobre o uso das Forças
Armadas no combate ao crime organizado.
A detenção que mais causou
surpresa foi a do general reformado Tomás Ángeles Dauahare, que chegou a
ocupar o cargo de vice-ministro da Defesa. Além dele, foram detidos o
general Roberto Daw González, ainda na ativa, e, na quinta-feira, o
general reformado Ricardo Escorcia Vargas.
Os três generais não
são os primeiros militares investigados no país. No governo de Vicente
Fox, foram processados os generais Francisco Quirós Hermosillo e Mario
Arturo Acosta Chaparro. Anteriormente, no mandato de Ernesto Zedillo, o
general Jesús Gutiérrez Rebollo, então responsável pelo programa
antidrogas do governo, foi acusado e continua preso.
Leia mais em Terceiro general é preso por ligações com crime organizado O corpo - Omar Salomão
O corpo é cremado. Arma-se uma reunião
na casa do falecido. Os convidados
bebem, comem, conversam até o
amanhecer. Quando os primeiros raios
queimam, eles se vão. Ficam os parentes,
pegam a urna de louça branca e caminham
rumo à mata. Escolhem uma árvore, com
um barbante amarram a urna e voltam pra
casa. As cinzas ficarão ali dias, talvez anos,
até o barbante se romper e a urna se
quebrar de encontro ao chão. E o corpo
encontrar a terra uma vez mais.
na casa do falecido. Os convidados
bebem, comem, conversam até o
amanhecer. Quando os primeiros raios
queimam, eles se vão. Ficam os parentes,
pegam a urna de louça branca e caminham
rumo à mata. Escolhem uma árvore, com
um barbante amarram a urna e voltam pra
casa. As cinzas ficarão ali dias, talvez anos,
até o barbante se romper e a urna se
quebrar de encontro ao chão. E o corpo
encontrar a terra uma vez mais.
Omar Salomão nasceu
no dia 14 de janeiro de 1983. Publicou seu primeiro livro À Deriva em
2005 e fez parte da banda carioca VulgoQuinho e Os Cara. Poeta
multimídia, está na antologia digital ENTER de Heloísa Buarque de
Hollanda. Publicou em 2011 o livro de poemas Impreciso.
Da Leinfo ao Basômetro
José Roberto Toledo, O Estado de S. PauloMuito antes que alguém formulasse o chavão -informação é poder-, o poder já controlava a informação. Desde sempre e o quanto fosse possível. Para perpetuar-se, esse controle foi se adequando às mudanças sociais e às novas tecnologias.
Enquanto ninguém sabia ler e não havia meios de comunicação de massa, perdurou o monopólio da informação, por milênios. Após Gutemberg, o poder institucionalizou a censura. E quando a censura se incompatibilizou com a democracia, o poder carimbou o que interessava esconder como segredo de estado -ou, mais eficiente ainda, enterrou a informação nos escaninhos da burocracia.
A beleza da Lei de Acesso às Informações Públicas (Leinfo) que -com 40 anos de atraso- entra em vigor no Brasil é que ela inverte as regras do jogo. Até agora, cabia ao cidadão descobrir ou imaginar quais informações de interesse público estavam em poder do estado e pedir aos seus agentes que as publicassem.
Se esses agentes se recusassem a fazê-lo ou simplesmente ignorassem o pedido, nada lhes acontecia. Bastava, portanto, esconder o documento que interessava no meio de um milhão de pilhas de documentos desinteressantes. Não mais.
A Leinfo obriga a publicidade de tudo. A iniciativa de divulgar -ou ao menos a sua obrigação- passou a ser do estado. Para assegurar o cumprimento desse dever, a Leinfo deu à sociedade civil o poder de cobrar. O burocrata que contrariar a lei está sujeito a punição. Ele tem prazo de até 30 dias para atender os pedidos de informação.
A muleta do segredo de estado também foi encurtada. Os limites do que pode ser sigiloso estão previstos na Leinfo. Mais importante: cada órgão que carimbar “sigiloso” em um documento terá que divulgar sua lista de documentos secretos, as justificativas e o prazo de duração do sigilo.
É fato que boa parte da lei ainda está sujeita a regulamentação e que muitas dúvidas sobre seu alcance precisarão ser arbitradas pela Justiça. Mas a sociedade brasileira pode e deve comemorar uma conquista que os norte-americanos desfrutam há mais de quatro décadas. Só pode comemorar porque mobilizou-se para isso.
A Leinfo é de iniciativa do governo federal porque assim manda a legislação brasileira. Por criar novas despesas, não poderia ter sido proposta pelo Legislativo. Foram necessários anos de lobby junto ao Congresso e ao Planalto para que a Leinfo saísse.
Esse lobby do bem foi coordenado pelo Fórum de Acesso às Informações Públicas, uma paupérrima entidade sem fins lucrativos que une 25 organizações da sociedade civil, como OAB, Associação dos Juízes Federais, Movimento do Ministério Público Democrático, Federação Nacional dos Jornalistas e Associação Nacional dos Jornais.
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Política
A lição da memória na Comissão da Verdade, por Dora Kramer
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Foi bonita a festa da instalação da Comissão da Verdade e sobre isso, noves fora quem deve e teme, há consenso.
Cerimônia
sóbria e cheia de simbolismos, a começar pela presença de
ex-presidentes da República que tiveram significados específicos e
papéis diferentes na História do Brasil.
Até quem fez mais feio ao
seu tempo estava lá como que a representar a capacidade de um País de
enfrentar processo inédito de impeachment presidencial sem abalar os
alicerces da ainda verde democracia recém-conquistada.
Não faltou o
reconhecimento póstumo a Tancredo Neves e Itamar Franco, ficando de
fora qualquer citação aos comandantes em chefe do período autoritário.
Espera-se que os militares não vejam nisso uma provocação: o ato
celebrava a democracia que não cuida de homenagens a ditadores.
Sim,
senhores, a palavra é essa. O regime era de exceção, de supressão de
liberdades e garantias constitucionais, entre elas o da escolha pelo
voto. Portanto, tiranos seus governantes.
Dizer as coisas com
clareza denota a existência de sentimentos revanchistas? Depende da
interpretação referida no grau de ameaça percebido pelo espectador
engajado no processo.
Há reclamação por parte de militares que
temem ser expostos à execração pública justamente no momento em que o
sentimento predominante na nova geração das Forças Armadas é o de que o
poder político pertence à sociedade civil.
Há argumentação por
parte das vítimas do Estado de que não faz sentido considerar o critério
dos "dois lados" no trabalho da Comissão da Verdade.
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