Forças Armadas
norte-coreanas estão a postos para um possível ataque. Coréia do Sul não se
preocupa com ameaça e EUA levam retórica a sério. Pyongyang ameaça fechar
complexo industrial em parceria com sul-coreanos.
A
Coréia do Norte declarou neste sábado (30/03) "estado de guerra"
contra a Coréia do Sul. Mesmo não havendo informações sobre a iminência de uma
ordem de ataque, as Forças Armadas do norte estão em alerta e aguarda
instruções do líder Kim Jong-Un.
Em
comunicado oficial, Pyongyang anunciou que, a partir de agora, vai tratar todos
os assuntos bilaterais seguindo os lineamentos do "protocolo de
guerra". Enquanto a Coréia do Sul se mostrou indiferente com as ameaças,
os Estados Unidos levaram a retórica agressiva a sério.
Seul
considera que o último pronunciamento do governo norte-coreano se soma a uma
série de ameaças feitas recentemente. Ainda de acordo com agências, Kim Jong-Un
declarou que suas tropas estariam prontas para o combate há alguns dias.
Ao
mesmo tempo em que Seul desaconselhou o vizinho de incitar provocações
militares, assegurando que vai responder com dureza, o ministério da Defesa do
país informou que não foi detectada nenhuma movimentação das Forças Armadas
norte-coreanas, que pudessem sugerir um ataque em curto prazo.
A
Casa Branca advertiu que Pyongyang tem uma longa história de retórica bélica.
"Temos notícias de um novo e não construtivo comunicado da Coréia do
Norte. Nós levamos a sério essas ameaças e seguimos em contato com nossos
aliados sul-coreanos", frisou Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de
Segurança Nacional.
O Ministério da Defesa em Seul informou que, mesmo
com as mais recentes ameaças, a Coréia do Norte ainda permite a entrada de
trabalhadores sul-coreanos no país. Todos os dias, com exceção aos domingos,
centenas de sul-coreanos vão para o parque industrial conjunto das duas Coréias,
localizado na cidade fronteiriça de Kaesong, em território norte-coreano. Mesmo
sendo uma importante fonte de divisas para a Coréia do Norte, o país ameaça o
fechamento desse complexo industrial.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle,
alertou em um artigo publicado pelo jornal Bild sobre a escalada do conflito que
atinge a segurança de todo o mundo e é motivo de preocupação para ele.
"A
irresponsável brincadeira com fogo da Coréia do Norte deve parar", frisou
Westerwelle, pedindo atuação da China no caso. O artigo foi publicado neste
sábado, antes da declaração de estado de guerra pela Coréia do Norte.
Em
reação à declaração, a Rússia apelou às duas Coréias e aos Estados Unidos:
"Esperamos que os dois campos assumam uma responsabilidade e moderação
máximas e que ninguém ultrapasse o ponto sem retorno", disse Grigori
Logvinov, encarregado de assuntos norte-coreanos no Ministério russo das
Relações Exteriores.
Logvinov
acrescentou que Moscou está em "permanente contacto" com seus
parceiros envolvidos no grupo de negociações para as questões nucleares, que
envolve também as duas Coréia a China, os EUA e o Japão.
Estado de guerra desde 1950
A aparente calma com que Seul monitora os movimentos de veículos militares e de soldados na Coreia do Norte deve-se, até certo ponto, ao fato de que, do ponto de vista do direito internacional, ambos os países se encontram formalmente em estado de guerra desde 1950.
A Guerra das Coreias terminou em 1953, com um acordo de não agressão mas até hoje não foi firmado nenhum tratado de paz. As tensões entre os Estados se intensificaram com a realização, pelos norte-coreanos, de um terceiro teste nuclear, em fevereiro último. Em retaliação, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ampliou as sanções contra Pyongyang.
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