Há seis anos a influência do programa federal Bolsa Família nos resultados das eleições brasileiras causa polêmica e motiva pesquisadores. Uma grande parte dos que estudam o tema não tem medo de assegurar que os programais sociais do governo Lula angariaram importante apoio e garantiram a reeleição do presidente Lula em 2006 e a eleição da presidente Dilma Rousseff em 2010.
Mas, se o apoio ao programa federal é evidente nas escolhas para Presidente da República, o mesmo não ocorreu na eleição de 2012. Ao verificar os dados da sucessão municipal, tabulações feitas pelo GLOBO dos dados do TSE cruzadas com o Censo de 2010 sugerem que o Bolsa Família não teve impacto direto na eleição para o aumento do número de prefeituras petistas nas cidades atendidas pelo programa.
A reportagem comparou o desempenho dos partidos nessas eleições com a cobertura do Bolsa Família pelo Censo 2010 e dividiu em três categorias: baixa cobertura, média cobertura e alta cobertura. O resultado indicou que, dos partidos que conquistaram ao menos 100 prefeituras, foi o PSB que teve mais vitórias concentradas em cidades com alta cobertura de Bolsa Família: 59% das vitórias.
O percentual do PT é de 31%, o mesmo do DEM 31%. A maioria dessas cidades estão nas regiões Norte e Nordeste - sendo que entre as 30 cidades com maior cobertura do Bolsa Família estão os estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Paraíba.
Embora o programa Bolsa Família seja custeado com verba do governo federal, as prefeituras são responsáveis pelos cadastros e pelos pagamentos aos beneficiários do programa. Em um primeiro olhar, elas deveriam também estar identificadas com ele. Mas entender como essa essa dinâmica influencia uma eleição para prefeito não é tarefa simples.
Para o professor de Economia da PUC-SP Marcel Guedes Leite, o Bolsa Família é um programa diretamente ligado ao PT e, por isso, pode auxiliar a reeleição de prefeitos de partidos coligados ao governo.
"Pode ser que, os partidos que fariam coligações com o PT tendem a eleger mais seus candidatos nos municípios onde há mais cobertura.São partidos pequenos que acabam se aliando ao partido majoritário. Se olharmos o próprio PT quanto menor a cobertura menor tem sido o número de vitória, mas isso é estranho. O PT vai aparecer nas cidades maiores um pouco mais estruturadas", afirmou Leite, ao observar partidos da base aliada entre os prefeitos eleitos nas cidades com alta cobertura.
O professor afirmou que quando pesquisou a reeleição de Lula percebeu que no nível municipal os prefeitos acabavam se beneficiando do Bolsa Família independente do partido.
"Acho que o efeito do benefício é muito maior na majoritária ou até para governador, mas nas eleições municipais as lideranças locais acabam se beneficiando, mesmo as da oposição."
O professor Mauricio Canêdo Pinheiro, da Fundação Getúlio Vargas, discorda e é taxativo: as eleições municipais tem dinâmicas locais. Em sua opinião, pelo programa ser federal, o impacto é muito menor.
"Olhando só o Bolsa Família fica difícil tirar a conclusão porque muitas outras coisas influenciam. A eleição municipal é movida por problemas e dinâmicas locais, pela agenda local."
Para ele, os números indicam que partidos maiores ganham nas cidades maiores, exceto pelo PMDB - a maior capilaridade entre os partidos grandes.
"Partidos grandes ganham cidades grandes, ou ainda, os partidos pequenos só conseguem ganhar em cidades pequenas. Nessas cidades pequenas a cobertura do Bolsa Família é maior. Então, não é bem o "efeito Bolsa Família".Em termos de dividendos, o PT ou o PSDB não foi nem melhor nem pior por causa do Bolsa Família."
Henrique de Castro, pesquisador do tema e professor da UNB, concorda que o efeito na eleição presidencial é mais evidente, mas ressalta que olhar apenas as vitórias ou derrotas não demonstra o tamanho do eleitorado conquistado pelo partido.
"Na eleição presidencial, os dados nos permitiram ter uma certa convicção de que o programa ajudou o PT. Isso não é suficiente, o PT pode não aparecer. Não quer dizer que não foi votado. A força política não se dá assim, pelas vitórias."
Castro citou o caso de Fortaleza, no qual o PT acabou perdendo para o PSB. Para ele, é provável que o programa tenha beneficiado o partido na cidade, mas questões locais foram mais decisivas. No caso, a má avaliação da atual prefeita petista.
"Em muita medida as questões locais são mais importantes, mas cada vez percebe-se uma influência das questões nacionais. Muitos dos eleitores que se identificaram motivaram seu voto em função das politicas públicas de distribuição de renda."
Castro fez questão de ressaltar que a influência do Bolsa Família ainda existe na hora do voto, mas a medida que a população entender que que o programa se "naturalizou" ele passará a ser menos decisivo na hora da escolha do candidato.
"Os programas ainda influenciam positivamente os candidatos ligados ao partido do governo. Digo ainda porque eu tenho uma hipótese de que a medida que essas medidas se institucionalizam passam a ser naturalizas e não se dá mais o beneficiou a quem as criou. Há uma tendência de as pessoas considerarem natural."
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diz OMS
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MORTE E DESESPERO
“Seu” Paulo contou que, há 30 dias, o
forte calor provocou a morte de mais de 400 aves. “As galinhas não resistiram ao
mormaço, ao calor que bate aqui depois do meio-dia e morreram”, diz, apreensivo
com a situação. Diferente de Adeilton, o velho cria galinhas poedeiras e negocia
a venda da produção de ovos.
Criador de gado, também, ao grande
prejuízo das 400 aves abatidas pelo calor, “seu” Paulo também perdeu gado em
razão da falta de pasto. “Eu nunca vi em toda a minha vida uma seca tão grande”,
revela o velho agricultor, que está desapontado com a presidente Dilma. “Não tem
feito nada aqui por nós. Parece que ela quer que a gente abandone a atividade,
tamanha é a falta de incentivo”, afirmou.
O drama da seca na região avícola de
Pernambuco parece ser maior do que no Sertão. De um canto a outro, entre os
municípios de Cachoeirinha, Lajedo e São Bento do Una – os maiores produtores de
ovos e frangos – o cenário é de um filme de terror. Todos os reservatórios estão
secos. Não há pastagem nas propriedades e o sol remete a uma sensação de estar
em pleno deserto.
A viúva Adelma de Melo, de 66 anos, não
perdeu ainda os porquinhos que cria em seu sítio porque recolhe lavagem nas
granjas próximas. “Inventei de criar uma vaquinha e acabei no maior prejuízo,
porque não há ração nesta região, onde a seca acabou com tudo”, disse, aos
prantos. Ela diz que o seu dinheiro como aposentada só dá para pagar água para
sua casa e os animais e os remédios, pois toma medicamentos caros.
São Bento do Una fica a 208 quilômetros
de Recife e é o principal produtor de aves e ovos de Pernambuco com mais de 3,6
mil propriedades rurais trabalhando com avicultura.
MILHO CARO
Apesar de ser destaque na avicultura,
São Bento do Una não consegue obter mais sucesso na atividade por causa da alta
do milho. O município não escapou da crise do setor, agravada pela seca. O preço
do milho e da soja, principais componentes da ração das aves, subiu
muito.
“Há um ano, o preço era R$ 24, valor
que subiu aproximadamente 40%. Isso encarece demais o custo final do produto”,
conta Allyson Brito, fiscal de granja em São Bento. Em um ano, o custo para se
produzir um quilo de frango subiu de R$ 2,20 para R$ 2,50. O preço de venda caiu
de R$ 2,30 para R$ 1,80.
A produção de uma granja, que era de
1,2 milhão de frangos por mês, caiu para 900 mil. Agora, o funcionamento é
mantido pela venda de ovos. “Nossa esperança é de que haja redução nos custos,
sobretudo do milho”, conta Girlene Valença, gerente administrativo da
granja.
Muita gente, principalmente os pequenos
produtores, trabalha apenas com o frango de corte, não têm os ovos para
equilibrar a produção. Para evitar os prejuízos, o jeito é reduzir a
criação.
O presidente da Associação dos
Avicultores de Pernambuco, Josemário Florêncio, disse que está pedindo ao
Governo a retomada dos leilões de milho e soja dos estoques públicos, para
reduzir o preço dos grãos que compõem a ração.
0 comentário "BOLSA FAMÍLIA NÃO GARANTE MAIS VOTOS PARA O PT EM CIDADES COM O PROGRAMA"
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