Centro de Perícia Técnica da DPCA tem número insuficiente de peritos, diz MP

Publicação: 10/11/2012 14:40

Promotor de justiça Márcio Thadeu Silva Marques inspecionou o CTPCA juntamente com o deputado estadual Bira do Pindaré (Divulgação)
Promotor de justiça Márcio Thadeu Silva Marques inspecionou o CTPCA juntamente com o deputado estadual Bira do Pindaré
O promotor de justiça Márcio Thadeu Silva Marques inspecionou, na manhã da última sexta-feira (9), o Centro de Perícia Técnica da Criança e do Adolescente (CPTCA), órgão que integra o Centro de Proteção à Criança e ao Adolescente (CPCA), localizado na Beira-Mar. A ação teve o objetivo de averiguar os recursos humanos do CPTCA. Denúncias apontam que o número de servidores peritos (psicólogos, assistentes sociais e médicos legistas pediatras) é insuficiente para manter o centro em regime de plantão (24 horas) e atender a atual demanda de casos.

A vistoria foi acompanhada pelo deputado estadual Bira do Pindaré (PT), representante da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Também esteve presente o coordenador estadual da Associação de Conselheiros Tutelares, Carlos Sérgio Sousa Araújo, além de assessores.

O CPTCA presta atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência, oferecendo exames médicos e psicossociais. Só existem três unidades iguais em todo o Brasil. As outras são no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

O funcionamento do órgão é previsto pelo Acordo de Solução Amistosa, assinado pelo Brasil com a Organização dos Estados Americanos (OEA), em razão do caso dos meninos emasculados. De acordo com o documento, o atendimento do centro deve ser feito de maneira ininterrupta e eficiente.

Desde quando foi criado em 2004, o órgão funciona somente das 8h às 18h. O centro de perícia possui dois médicos legistas, cinco psicólogos e seis assistentes sociais, número insuficiente para manter a regularidade dos atendimentos e o regime de plantão. Outro problema é que a maioria dos servidores lotados no CPTCA não são concursados.

A diretora do centro, Célia Regina Moreira Raymundo, explicou que para realizar com eficiência a perícia dos casos, seriam necessários 20 psicólogos e 20 assistentes sociais. Outra necessidade é a ampliação do espaço físico.

"A estrutura e o número de servidores eram adequados no tempo em que o órgão foi criado, mas a demanda cresceu demasiadamente", avaliou.

A falta de servidores peritos também tem comprometido a celeridade dos inquéritos, conforme relatou a médica legista Milene Guedelha Gonçalves. "Muitos laudos atrasam dificultando a solução dos casos, o que estimula a reincidência de crimes e também o descrédito de muitas famílias em relação à eficiência do CPTCA", disse.

Descaso

O promotor de Justiça Márcio Thadeu ressaltou que, recentemente, o Governo do Estado anunciou concurso público para preencher vagas em diversas áreas da segurança pública. No entanto, nenhuma foi destinada para o quadro de peritos da CPTCA, apesar da demanda.

"O descaso do Governo Estadual tem impedido que o centro ofereça um atendimento eficiente e permanente, como prevê o Acordo de Solução Amigável, que é um compromisso internacional do Brasil e do Maranhão", declarou.

Para solucionar o problema Marcio Thadeu informou que vai tentar um acordo com o governo do Estado. Se não obtiver êxito, recorrerá às vias judiciais. "A proteção à criança e ao adolescente tem que ser tratada como prioridade".

Perícia Psicossoccial

Quando as famílias recorrem ao CPCA, o CPTCA é o segundo órgão - depois da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) - por onde passa a criança ou o adolescente vítima de violência. A perícia psicossocial realizada pelo centro resulta em um laudo, evitando que a criança seja ouvida por delegado e juiz. Também a preserva da revitimização, situação em que a criança revive o sofrimento do episódio de violência ao prestar depoimento para reconstruir o fato.

Audiência

O deputado estadual Bira do Pindaré informou que vai realizar um pronunciamento na Assembléia Legislativa sobre o assunto. Em seguida, vai tentar marcar uma audiência com a governadora Roseana Sarney, com a participação do promotor de justiça Marcio Thadeu, que também é coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAOp/IJ) do Ministério Público do Maranhão.

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