PARAGUAI – O médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos
de prisão por 52 estupros e atentado violento ao pudor, foi preso nesta
terça-feira (19) no Paraguai. Abdelmassih estava foragido desde janeiro de
2011. Condenado em novembro de 2010, ele liderava a lista de procurados da
Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo. Quem o encontrasse poderia
levar R$ 10 mil, o maior valor oferecido pela pasta. A prisão ocorreu no início
da tarde desta terça, numa ação da Polícia Federal brasileira e da polícia
paraguaia.
O médico foi localizado com a ajuda do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de
São Paulo. Por meio de uma escuta telefônica, o órgão obteve a informação de
que ele poderia estar no Paraguai e repassou a dica para a Polícia Federal.
Uma equipe de dez policiais federais foi enviada à capital
paraguaia. Com a ajuda da polícia local, conseguiram descobrir o paradeiro e
prender Abdelmassih. Não foi informado em qual cidade o médico foi preso. Ele
será deportado sumariamente pelas autoridades paraguaias por também estar na
lista de procurados da Interpol. Ele deve chegar às 17h à cidade fronteiriça de
Foz do Iguaçu (PR). Ainda não está definido quando o médico será levado a São
Paulo.
Em 2009, antes do julgamento, o então presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, concedeu um habeas corpus
para libertar o médico, que estava preso.
Fama
O médico Roger Abdelmassih era um dos mais famosos
especialistas em reprodução assistida do país.
O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público
em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pelo jornal
Folha de S.Paulo em janeiro de 2009.
Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos
bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestada quando estavam na
clínica de Abdelmassih. As mulheres dizem ter sido surpreendida por investidas
do médico quando estavam sozinhas – sem o marido e sem enfermeira presente (os
casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares
de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39
ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações
contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por
diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico
afirma que foi atacado por um “movimento de ressentimentos vingativos”.
Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter
sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.
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