O suspeito recebia dinheiro para
liberar os presos, que continuavam aparecendo como internos do sistema
prisional, mesmo estando livres, informaram os delegados. Ao menos 10 detentos
estariam nessa condição. Os valores que teriam sido pagos pelos presos estão
sendo apurados pela polícia, mas os primeiros levantamentos indicam que
variavam de R$ 2 mil a R$ 300 mil.
Cláudio Barcelos foi preso em seu
gabinete, na própria Cadet, às 10h. Interrogado na Seic, teria admitido o
esquema de facilitações de fugas, segundo o GLOBO apurou. O envolvimento no
crime de outras pessoas ligadas ao diretor está sendo investigado.
O diretor foi indiciado por facilitação
de fuga, prevaricação (quando um funcionário público deixa de cumprir
propositalmente sua função) e corrupção ativa. Ele vai ficar preso
preventivamente no quartel da Polícia Militar, no bairro do Calhau, em São
Luís.
21º ASSASINATO
O detento Eduardo Cezar Viegas Cunha,
de 32 anos, foi achado morto, esfaqueado e enrolado num lençol, numa cela da
Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade de Pedrinhas, na noite
de sábado (13). “Costinha”, como era conhecido, cumpria pena por roubo e
receptação. Foi o 21o preso assassinado no sistema carcerário maranhense neste
ano – o 14o só em Pedrinhas.
No ano passado, 60 detentos foram
mortos nos presídios do estado, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ao menos quatro foram decapitados. Cenas filmadas pelos próprios presos em 17
de dezembro, comemorando as decapitações de três rivais em Pedrinhas, correram
o mundo.
Após a séria crise que se instalou nas
prisões do Maranhão, com os assassinatos bárbaros de presos e a morte, em 6 de
janeiro, de uma menina de 6 anos – Ana Clara Santos Sousa, cujo ônibus em que
viajava com a mãe e a irmã foi incendiado, a mando de criminosos presos em
Pedrinhas –, medidas emergenciais foram tomadas pelo Estado e pelo Ministério
da Justiça.
O ministério ajudou a governadora
Roseana Sarney (PMDB) a conseguir vagas no presídio federal de Campo Grande
(MS), para transferir 25 líderes de facções, e tornou a presença da Força
Nacional (FN) duradoura no estado, por meio de seguidas prorrogações de permanência
da tropa – enviada para fazer a segurança de Pedrinhas.
O caos no sistema prisional maranhense,
no entanto, persistiu. Do plano emergencial – que previa, além da transferência
de presos perigosos para presídios federais e a ajuda da FN ao Maranhão, a criação
de um comitê gestor (gerido pela governadora), a criação de um mutirão de
defensores estaduais e federais para analisar a situação de detentos e a
construção de novas prisões, entre outras medidas – restaram poucos resultados
eficientes.
O comitê e a gestão prisional batem
cabeça: demoraram, por exemplo, quase um dia inteiro para recontar os presos do
CDP e confirmar quantos haviam fugido na noite da última quarta-feira (10),
quando uma caçamba (caminhão basculante), ocupada por criminosos e por um motorista
rendido por eles, derrubou parte do muro do Centro de Detenção Provisória (CDP;
unidade de Pedrinhas), facilitando a fuga de vários detentos.
Primeiramente, a Secretaria de Justiça
e Administração Penitenciária (Sejap), que faz parte do comitê gestor, informou
que apenas 6 internos haviam fugido, para horas depois divulgar 36 fugas.
Até chegar à cena cinematográfica da
caçamba sendo jogada contra o muro do CDP, as cadeias maranhenses viveram, de
outubro de 2013 até este setembro, segundo levantamento do GLOBO, 21
assassinatos de presos, 4 decapitações, um esquartejamento (de Rafael Alberto
Libório Gomes, 23, em 12 de agosto, em Pedrinhas) e 13 fugas (sendo que 84
detentos escaparam e apenas 14 foram recapturados).
OS 21 PRESOS ASSASSINADOS EM 2014 NO
SISTEMA PRISIONAL DO MARANHÃO
1- Josinaldo Pereira Lindoso, 35
Encontrado estrangulado na manhã de 2
de janeiro, na cela 9 do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas.
Tinha condenação por assalto.
2- Sildener Pinheiro Martins, 19
Morto a “chuçadas”, igualmente no dia 2
de janeiro, à tarde, também no Centro de Detenção Provisória (CDP), numa cela
do Bloco Alfa. Acusado de assalto e homicídio. Sem condenação.
3- Jô de Sousa Nojosa, 21
Assassinado por enforcamento, com uma
“teresa” (corda improvisada), no dia 21 de janeiro, na cela 7 do bloco D da
Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de Pedrinhas. Tentou entrar com
maconha e um celular, numa visita a um detento. Preso porque já havia um
mandado de prisão contra ele, por porte ilegal de arma. Sem condenação.
4- Cledeilson de Jesus Cunha, 37
Assassinado por estrangulamento na Unidade
Prisional de Ressocialização (UPR) de Santa Inês (a 245 quilômetros de São
Luís) em 22 de janeiro. Cumpria condenação por assalto e respondia também por
participação no homicídio de Josinaldo Pereira Lindoso, no CDP de Pedrinhas, em
2 de janeiro.
5- Valdiano Fernandes da Silva, 27
Espancado no dia 26 de janeiro
(domingo) por quatro presos, na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de
Balsas (a 790 quilômetros de São Luís), morreu na terça (28 de janeiro), no
Socorrão de Imperatriz. Estava preso por assalto. Sem condenação.
6- Joelson da Silva Moreira, 29
Joelson, conhecido como “Índio”, foi
espancado no dia 7 de fevereiro (sábado), por outros detentos, na Delegacia
Regional de Itapecuru-Mirim (a 120 quilômetros de São Luís). Foi trazido no
mesmo dia para a capital e internado no Hospital Municipal Dr. Clementino Moura
(Socorrão 2), com múltiplos ferimentos, em estado grave. Morreu na noite de
quarta-feira (12).
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7- João Francisco Diniz Pereira
Encontrado enforcado na Central de
Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do bairro do Anil, na tarde do dia 26 de
fevereiro, na cela 4 do Pavilhão Externo. Havia 6 presos na cela. João
Francisco era acusado de assaltos e tráfico de drogas. Havia ingressado no dia
25 de janeiro de 2012 no sistema prisional maranhense.
8- Pedro Elias Martins Viegas, 31
Assassinado por enforcamento no fim da
tarde de 1o de março, no Centro de Detenção Provisória (CDP - Pedrinhas). Preso
por tráfico de drogas. Havia sido transferido do Centro de Triagem para o CDP
há menos de uma semana.
9- Antonio André de Sousa Santana, 23
Assassinado com golpes de espeto de
ferro, no peito e nas costas, no dia 24 de março, no Presídio Jorge Vieira, em
Timon. O detento Leidiano Alves Feitosa, 31, confessou a autoria do crime.
Leidiano disse que matou Antônio porque este teria roubado e furado com faca
sua irmã, fora do presídio. O assassinato aconteceu na cela 1 do Pavilhão Alfa.
Após ser atingido, Antônio correu para a área do banho de sol, para pedir
ajuda, mas morreu ali.
10- João Altair Oliveira Silva, 18
Assassinado na tarde de 12 de abril, na
Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Tinha perfurações pelo corpo,
provocadas por “chuços” (facas artesanais). O corpo de João Altair foi
encontrado por monitores no corredor da unidade.
11- Wesley Sousa Pereira, 24
Achado enforcado no bloco D, cela 14,
da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), unidade do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, na tarde de domingo, 13 de abril.
12- André Valber Costa Mendes, 25
Havia chegado na manhã de 14 de abril
no pavilhão Delta do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas para
cumprir pena de 26 anos por assalto. No fim da noite do mesmo dia 14, foi
enforcado por outros detentos.
13- Laurêncio Silva, 26
Encontrado enforcado, na manhã de 17 de
abril na cela 2 da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do Anil (que
não faz parte do Complexo Penitenciário de Pedrinhas), em São Luís. A morte do
preso teria ocorrido durante a madrugada, informou a Secretaria de Estado da
Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Ele cumpria pena por tráfico de
drogas.
14- Jean Araújo Pereira, 19
Morto por enforcamento, na tarde de 18
de maio, na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas. A morte ocorreu na cela 9 do Bloco D da unidade.
Sete presos que ocupavam a mesma cela foram transferidos para a Delegacia da
Vila Embratel para serem investigados. Jean Araújo cumpria pena por
assassinato.
15- Jhonatan da Silva Luz Ferreira, 20
Na manhã de 2 de julho, cerca de 11h,
logo após a visita, o preso Jhonatan da Silva Luz Ferreira, o “Jocozinho”, de
20 anos, foi encontrado morto no bloco D da Central de Custódia de Presos de
Justiça (CCPJ), unidade de Pedrinhas, com sinais de espancamento e enforcamento.
Jhonatan estava preso por porte ilegal de arma e havia chegado à CCPJ em 5 de
junho.
16- Luís Abreu de Araújo, 19
Conhecido como “Moleque Doido”, Luís
Abreu de Araújo foi assassinado na noite de 7 de julho, na cela 3, Pavilhão D,
da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ). Ele foi morto a golpes de
“chuço”. Pertencia à facção “Bonde dos 40”, uma das que atuam nos presídios
maranhenses.
17- Rafael Alberto Libório Gomes, 23
Rafael havia desaparecido em 7 de
agosto, da cela 10 do bloco A do Presídio São Luís 1, que faz parte do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Seu corpo foi achado cinco dias depois
(12). O corpo estava esquartejado e enterrado em um saco plástico, numa área
situada entre as celas 14 e 15 do mesmo bloco e na mesma unidade em que o preso
desapareceu. O detento cumpria pena por homicídio qualificado.
18- Aleandro da Conceição Sousa
Conhecido como “Pequeno”, Aleandro
cumpria pena por assalto à mão armada na Unidade Prisional de Ressocialização
(UPR) de Pedreiras (a 273 km de São Luís). Foi morto por policiais militares
que tentavam controlar um motim na prisão, na madrugada de 23 de agosto.
19- Marcos Paulo Ramos Sales, 29
Assassinado por estrangulamento por
outros presos, na noite de 27 de agosto, após uma briga na cela 5 do Centro de
Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Ele foi morto no mesmo dia em
que foi transferido do 1o Distrito Policial (Beira-Mar) para o Centro de
Triagem. Respondia por assalto.
20- Thiago Costa dos Santos, 25
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Morreu na manhã de 4 de setembro, atingido
com um tiro na cabeça, durante um tumulto envolvendo duas facções criminosas na
Penitenciária de Pedrinhas (PP), unidade do Complexo Penitenciário de
Pedrinhas.
21- Eduardo Cezar Viegas Cunha, 32
Foi achado morto, esfaqueado e enrolado
num lençol, numa cela da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) de
Pedrinhas, na noite de 13 de setembro. “Costinha”, como era conhecido, cumpria
pena por roubo e receptação.
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