No sábado, dia 26 de setembro, foi o Dia Nacional do Surdo. A data representa uma
oportunidade para relembrar os desafios e as lutas por melhores condições de
vida das pessoas com deficiência auditiva em todo o Brasil.
Em São
Luís, a escola municipal Maria Alice Coutinho, assim como tantas outras, tenta
fazer de maneira didática e pontual a inserção de diversas crianças e
adolescentes com deficiência auditiva no meio social de forma que eles não se
sintam excluídos.
Rotina
inclusiva
Olhares
atentos e uma leitura por meio de sinais, uma aula diferente na biblioteca com
crianças e pré-adolescentes na faixa etária de 6 a 14 anos. A história contada
é da Turma da Mônica, que fala sobre inclusão social da pessoa com deficiência.
Novos amigos entraram na historinha de quadrinhos de Maurício de Sousa. O conto
é narrado por uma professora e uma intérprete de libras. A criançada gostou de
ouvir as experiências da revista.
Algo que
se assemelha à realidade delas, o que fez elas ficarem bem à vontade para
falarem, através de sinais, algumas situações vividas. Assim ocorre o processo
de inclusão e interação social com crianças surdas, com deficiência visual e
com aquelas sem nenhum tipo de necessidade. Elas se comunicam entre si e
participam do fundamento da aprendizagem, uma construção que se dá aos poucos,
etapa por etapa, que leva à evolução das crianças, e a sensação é de trabalho
realizado com amor e dedicação dos professores.
Na sala
de aula, é trabalhado todo o processo de inclusão, o principal é a superação
dos desafios. Para isso, a primeira etapa a ser feita é aprendizagem da Língua
Brasileira de Sinais (Libras). De acordo com a coordenadora pedagógica, Lúcia
Verônica de Assunção, quanto mais cedo a criança surda estiver na sala de aula,
melhor o seu desempenho na educação e em outras fases da vida. “Quanto mais
cedo a criança puder estar inserida no contexto da escola, mais fácil se torna
o aprendizado. As crianças estarão livres de preconceitos, elas também são
afáveis à aprendizagem, com mais rapidez, por conta de uma estimulação que é
desenvolvida. Essa criança vai ter menos dificuldade, depois de ser inclusa no
ensino regular, diferente de uma criança que chega de forma tardia com
preconceitos que já foram estabelecidos, com baixa autoestima, o que dificulta o
relacionamento social. O trabalho com a deficiência é olhar as dificuldades. As
necessidades deles têm que ser vistas”, ressaltou.
A
professora Mariluce Amorim trabalha há mais de cinco anos como intérprete de
libras. Ela conta que, geralmente, o aluno chega na sala de aula sem nenhum
tipo de comunicação, não sabe libras e nem a língua portuguesa. Então, o
primeiro passo é ensinar a linguagem de sinais e depois a língua portuguesa. “É
um processo lento, mas, quando eles começam a aprender libras, que é fundamental
para eles, logo aprendem também outras disciplinas e suas potencialidades.”
Durante a
docência na linguagem dos sinais, Mariluce relatou histórias de superação, o
que a deixou bastante emocionada. A professora atua na escola municipal Maria
Alice Coutinho, localizada na Avenida São Luís Rei de França, em São Luís.
Nesse tempo de sala de aula, ela já observou estudantes que saíram do ensino
médio e obtiveram aprovação no Instituto Federal do Maranhão (IFMA).
A
mensagem passada na sala de aula é que elas têm potencial para ir em frente e
conquistar o que almejam, superar os obstáculos. Mas requer dedicação e estarem
presentes nas aulas. “São pessoas saudáveis, que têm a limitação de não ouvir,
e no momento que aprendam as libras, eles vão embora”.
Segundo
ela, alguns estudantes desconhecem a sua capacidade. Isso acontece por
influência de ideias negativas que são construídas até mesmo na base familiar.
Então, há um trabalho de desmistificação e de potencialidade. “Lembro de um dia
que as crianças estavam inquietas, então, eu disse: ‘Vocês precisam estudar
para comprar as coisas de vocês, se formarem, comprarem um carro (...)’. Então,
uma aluna virou para mim e perguntou: ‘Tia, surdo pode ter carro?’. ‘Claro que
pode’, respondi.”
População
surda
O Censo
2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
indica que o Brasil possui 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência.
Desse total, 2.147.366 apresentam deficiência auditiva severa. Pesquisas também
apontam que esse número deve crescer com o aumento da população idosa no país e
a demora na identificação de problemas auditivos que poderiam ser reversíveis
se constatados até 6 meses de idade.
Dia
Nacional do Surdo
No
Brasil, o dia 26 de setembro é celebrado devido ao fato desta data lembrar a
inauguração da primeira escola para surdos no país em 1857, com o nome de
Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual Ines - Instituto
Nacional de Educação de Surdos
o imparcial
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