Após o Tribunal
de Contas da União ( TCU) rejeitar nesta terça-feira (7) as contas de 2014 do
governo da presidente Dilma Rousseff, o relatório com essa recomendação será
agora encaminhado ao Congresso que
tem a prerrogativa de fazer o julgamento das contas.
Uma reprovação
das contas no Congresso pode levar até à abertura de um processo de impeachment
da presidente. Partidos de oposição argumentam que a rejeição das contas
configuraria crime de responsabilidade e daria base para a abertura do
processo.
Por estar
ligado ao Poder Legislativo e ser considerado um “braço auxiliar” do Congresso,
o tribunal não tem o poder de reprovar as contas.
Mas todos os
anos tem o dever de produzir um parecer em que avalia a atuação e o cumprimento
de regras e leis pela presidente e sua equipe e enviá-lo para análise do
Congresso.
É a segunda vez
que o TCU recomenda a rejeição de contas do governo. A primeira foi em 1937,
durante a ditadura de Getúlio Vargas. Na ocasião, o Congresso Nacional não
seguiu a recomendação e aprovou as contas.
Entenda cada
etapa da análise das contas no Congresso Nacional:
Ordem de
votação no plenário
Antes de o parecer do TCU sobre as contas de 2014 ser julgado pelo Congresso, os parlamentares deverão terminar de votar os relatórios de anos e governos anteriores, já que há contas de presidentes anteriores pendentes de análise pelos parlamentares. Com isso, a pauta fica limpa para o parlamento julgar as contas de 2014.
Antes de o parecer do TCU sobre as contas de 2014 ser julgado pelo Congresso, os parlamentares deverão terminar de votar os relatórios de anos e governos anteriores, já que há contas de presidentes anteriores pendentes de análise pelos parlamentares. Com isso, a pauta fica limpa para o parlamento julgar as contas de 2014.
Relatório do
TCU no Congresso
Após ser votado no TCU, o relatório será, primeiro, avaliado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso e, depois, pelos plenários da Câmara e do Senado – ou em sessão conjunta do Congresso Nacional, se houver acordo para isso. Os parlamentares podem acatar a recomendação do TCU e reprovar as contas ou votar pela aprovação.
Após ser votado no TCU, o relatório será, primeiro, avaliado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso e, depois, pelos plenários da Câmara e do Senado – ou em sessão conjunta do Congresso Nacional, se houver acordo para isso. Os parlamentares podem acatar a recomendação do TCU e reprovar as contas ou votar pela aprovação.
Eventual
rejeição no Congresso
Se as contas do governo forem rejeitadas nessas votações, a presidente Dilma Rousseff pode ser alvo de um processo de impeachment, caso fique configurado que ela cometeu crime de responsabilidade.
Aprovação no
Congresso com ressalvas
Outro cenário possível é a aprovação com ressalvas. Esse tipo de resultado no Congresso pode ocorrer, por exemplo, caso os parlamentares optem por aprovar o balanço. Na prática, as ressalvas não implicam punições significativas. Elas indicam, apenas, que há problemas a serem corrigidos na gestão fiscal para o próximo ano. Esta tese é defendida pelo governo federal.
Na opinião do
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Velloso, a tendência é
de que os senadores e deputados sigam a recomendação do tribunal. “O TCU não
tem decisão final. Eles emitem um parecer que deve ser, e é, considerado pelo
Congresso. Seria uma leviandade o Congresso aprovar as contas caso o tribunal
vote pela rejeição”, explicou o ministro aposentado.
O que são as
'pedaladas'
As Chamadas pedaladas fiscais, um dos itens questionados pelo TCU, consistem no atraso dos repasses para instituições financeiras públicas do dinheiro de benefícios sociais e previdenciários, como Bolsa Família, seguro-desemprego e subsídios agrícolas. Esse tipo de atraso permite ao governo ter dinheiro em caixa por mais tempo, mas obriga instituições como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a usar recursos próprios para honrar compromissos.
Para o TCU, a
prática configura "empréstimo" ao governo, o que estaria violando a
Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo o processo no tribunal, as “pedaladas”
somam R$ 40 bilhões. Para auditores do TCU, os atrasos nos repasses e a não
contabilização das dívidas com os bancos públicos contribuíram para “maquiar as
contas públicas”, inflando o chamado superávit primário (economia para pagar
juros da dívida pública).
Desde que
ficaram constatadas as manobras das pedaladas, o governo adotou a estratégia de
argumentar que os atrasos no repasse de recursos são regulares e que a prática
não é nova, tendo sido adotada desde 2001, ano em que o país era governado por
Fernando Henrique Cardoso.
Saiba mais
Impeachment
Caso as contas
de Dilma sejam rejeitadas pelo Congresso, há possibilidade de setores da
oposição darem início a um processo de tentativa de impedimento da presidente,
alegando crime de responsabilidade.
Apesar disso, a
tese pode ser enfraquecida pelo fato de que a prática das “pedaladas” foi
identificada no primeiro mandato de Dilma, e não no atual.
Para o ministro
Carlos Velloso, o fato de Dilma ter sido reeleita pode fazer com que ela sofra
um impedimento. “Mas essa tese não é unânime”, ressalvou. “A Constituição foi
escrita quando não existia a reeleição. Depois veio a emenda que a
possibilitou. Essa situação de reprovação nas contas no último ano do primeiro
mandato ficou em aberto na legislação. Na reeleição, esta questão não está bem
tratada”, explicou o ministro.
Análise
'política'
Desafeto declarado do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou , há alguns meses , que a análise de contas públicas, em especial das “pedaladas fiscais”, será “política”, e não técnica, como defende o governo. Cunha ressaltou que a decisão “técnica” caberá aos ministros do TCU, e que a decisão final sobre a aprovação ou não das contas do governo caberá ao Legislativo, que fará uma análise política.
Papel do TCU
A Constituição de 1988 conferiu ao TCU o papel de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do controle externo. Entre as competências constitucionais estão apreciar as contas anuais do presidente da República; julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos; realizar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional; fiscalizar a aplicação de recursos da União repassados a estados, ao Distrito Federal e a municípios.
Também cabe ao
tribunal determinar a correção de ilegalidades e irregularidades em atos e
contratos; emitir pronunciamento conclusivo, por solicitação da Comissão Mista
Permanente de Senadores e Deputados, sobre despesas realizadas sem autorização;
e apurar denúncias apresentadas por qualquer cidadão, partido político,
associação ou sindicato sobre irregularidades ou ilegalidades na aplicação de
recursos federais.
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