Aquele textão enviado pela sua tia no grupo do Whatsapp ou o
vídeo compartilhado várias vezes pelos seus amigos no Facebook podem conter
inúmeras inverdades, afinal as redes sociais estão cheias delas. Quando o
assunto é zika vírus, doença que tem espalhado temores em todo o mundo pela
possível relação com a microcefalia, uma notícia falsa pode atrapalhar os
esforços da população e de governos no combate à enfermidade.
O UOL desmitifica alguns dos boatos que estão rolando na
internet sobre o zika e a microcefalia. Fique de olho e não caia nessa!
Vacina vencida não tem relação com microcefalia
O boato circulou no final do ano passado e, apesar de o
governo e especialistas já terem afirmado que não há lógica nenhuma em dizer
que um lote vencido da vacina contra rubéola aplicada em gestantes causou o
aumento de casos de microcefalia (e não o zika vírus), tem muita gente que
ainda acredita nessa teoria. Então, a gente explica!
A vacina contra a rubéola não poderia ter causado
microcefalia nos bebês pelo simples fato de que ela não é aplicada em grávidas,
nunca foi e não será. A imunização é feita em bebês de até 15 meses de vida, de
acordo com o calendário nacional de vacinação, ou em adolescentes e adultos em
idade fértil que não tenham sido vacinados na infância.
A vacina contra rubéola vem em forma tríplice (protege contra
sarampo, rubéola e caxumba) e quádrupla (contra sarampo, caxumba, rubéola e
varicela).
Gestantes não tomam a vacina e, inclusive, existe a
determinação de que a mulher evite gravidez por 30 dias após tomá-la.
Especialistas afirmam ainda que não existe possibilidade de a microcefalia ter
sido causada pelo vírus presente na vacina, porque ele é atenuado e não tem
condições de causar uma infecção tão grave.
É preciso lembrar que a rubéola foi erradicada do Brasil
desde 2009 e no ano passado a Opas (Organização Pan-americana de Saúde)
anunciou que a doença foi eliminada das Américas. Programas de imunização de
qualidade são a chave para a erradicação da doença.
Mosquitos geneticamente modificados não causaram surto de
zika
Você não vive em um filme de ficção científica em que
experiências de laboratório arruínam a vida de toda uma população. Não foi isso
que aconteceu com o zika vírus.
Os mosquitos transgênicos foram criados justamente para
combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e febre
chikungunya. Em uma das iniciativas, os mosquitos machos, que não transmitem
doenças, são geneticamente modificados para que seu corpo produza em excesso
uma proteína que causa a sua morte. Eles são liberados no ambiente e reproduzem
com fêmeas selvagens. A prole terá os genes do pai e morrerá antes da vida
adulta, quando vira vetor de doenças.
Por causa dessa "experiência de laboratório" um
bairro da cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, conseguiu reduzir em
mais de 80% a quantidade de larvas do Aedes, na comparação com um bairro
próximo que não foi "tratado" com os insetos geneticamente
modificados.
Zika vírus não "escolhe" crianças de até 7 anos e
idosos para causar problemas neurológicos
O aumento do número de casos da Síndrome de Guillain-Barré
(SGB) no Nordeste brasileiro pode sim ter relação com o surto de zika vírus,
mas isso ainda não foi confirmado cientificamente. O problema, no entanto, não
acomete uma faixa etária especial, por tanto não existe esse grupo de risco
(crianças de até sete anos e idosos).
A síndrome é uma condição neurológica autoimune e pode ser
desencadeada por qualquer doença infecciosa viral ou bacteriana. Depois de
infecções agudas, aparentemente o organismo deixa de reconhecer as próprias
células e passa a atacá-las. Os primeiros sintomas da síndrome são fraqueza e
dormência. Se a paralisia chega aos pulmões, é necessário usar respiradores.
O aumento de casos da síndrome coincidiu com a elevação dos
casos de zika. Equipes de vigilância tentam agora comprovar a correlação entre
as duas doenças.
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