Em menos de três horas, ex-diretor da área Internacional da Petrobras mudou de idéia e desistiu de requisitar à Justiça depoimento da presidente
O ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró,
durante sessão da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, em
Brasília, para dar esclarecimentos sobre a operação de compra da refinaria em
Pasadena, nos Estados Unidos (Dida
Sampaio/Estadão Conteúdo)
Em menos de três horas, o ex-diretor
da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró desistiu de arrolar a
presidente Dilma Roussef como testemunha em uma ação penal na Justiça Federal
do Paraná. O pedido foi protocolado nesta segunda-feira, às 13h45, e a
desistência foi comunicada às 16h27. Como em qualquer ação penal,
todo depoimento proposto pela defesa de um acusado precisa ser aceito pelo
juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, para ser realizado. Nesse
processo, o ex-diretor é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por
ter recebido propina por negócio no qual a estatal comprou sondas
da Samsung Heavy Industries.
Procurado, o advogado
Edson Ribeiro, que defende Cerveró, não foi encontrado para explicar por que
mudou de ideia. Para a Agência Estado, o advogado disse que a troca foi decidida
após conversa com Cerveró na carceragem da PF em Curitiba. "Não foi nada
demais, eu havia colocado a presidente (Dilma) e o (Sérgio) Gabrielli porque um
foi presidente da Diretoria Executiva e outro do Conselho de Administração (da
Petrobrás). Mas, ao conversar com Nestor Cerveró ele me disse que neste neste
caso (pagamento de propina em compra de navios-sonda pela estatal) a decisão
foi exclusiva da Diretoria, não passou pelo Conselho”, explicou.
Ele trocou a intimação de Dilma pela convocação da testemunha Ishiro Inagaki.
De acordo com a petição entregue à Justiça, a troca foi
solicitada porque "a aquisição das sondas foi privativa da
Diretoria da Petrobras, não passando pelo Conselho de Administração, onde a
testemunha ora substituída exercia a Presidência, sendo, portanto, despicienda
sua oitiva".
Cerveró também é investigado por ter
recomendado a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, ao conselho de
administração da petrolífera. Pelo empenho no péssimo negócio, Cerveró recebeu
suborno, de acordo com depoimento do ex-diretor de Abastecimento da
estatal Paulo Roberto Costa. Pasadena deu prejuízo superior a 1 bilhão de reais
para a petrolífera.
A intimação de Dilma tinha sido considerada
uma provocação de Cerveró. O ex-diretor ainda não foi acusado criminalmente
pela transação. O advogado Edson Ribeiro, que defende Cerveró, tenta desviar o
foco das acusações contra Cerveró e responsabilizar o conselho de
administração da estatal, presidido na ocasião por Dilma, pela compra de
Pasadena.
"Ela não era na época presidente do Conselho de
Administração? Não vou adiantar as perguntas que faremos", afirmou Ribeiro
ao site de VEJA pouco depois de pedir o depoimento da presidente
A defesa de Cerveró mantém a solicitação
que seja intimado o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli como
testemunha de defesa na ação penal que trata do suborno na compra de sondas.
Foram solicitados ainda depoimentos de João Carlos de Lucca, ex-presidente
do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), de Álvaro Teixeira, do IBP, de
Hercules Tadeu Ferreira da Silva, ex-diretor da Petrobras Angola, de Luiz
Carlos de Lemos Costamilan, ex-funcionário da Petrobras e conselheiro de
administração da Queiroz Galvão, de Eloy Fernandez y Fernandez, presidente da
Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), e do consultor Ricardo
Mucci.
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