Qualquer um de nós, na própria vida pessoal, sabe a diferença
entre discutir, discordar e até contestar e perder as estribeiras e ir para a
briga de tapas, pontapés e xingamentos. Daquelas em que não importa nem
como nem onde, o argumento é bater.É assim que estamos.Pior, que estamos sendo
obrigados a estar.
Independente de qualquer análise técnica ou legal, ficou
evidente que o juiz Sérgio Moro fez uso político do processo em que investiga
(é, é isso mesmo, embora a função do juiz não seja a de investigar) ao
divulgar, tão logo anunciada a nomeação de Lula para a Casa Civil.
É tão nítido que é nos grampos – nos questionáveis ou não e
em outros cuja a legalidade é impensável supor, como o efetuado no diálogo
entre o Ministro Jaques Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, ao que se
saiba sequer investigado pela Lava Jato, se alegar-se que era ele o grampeado,
por ser o grampo sobre ministro de Estado, sem autorização da Suprema Corte,
uma violação tão confessa da lei que resultaria em prisão do juiz – que
Gilmar Mendes neles sustenta sua incrível decisão, para concluir que se tratou
de uma fuga a uma ordem de prisão que não existe e muito menos estaria
iminente.
A menos que Mendes pudesse considerar iminente o atendimento
do pedido – que o país inteiro, inclusive a Oposição já viu estapafúrdio – dos
“aloprados” do MP paulista, que sequer tinham chegado à Vara de Moro e que, no
mínimo, teria de ser aberto a vistas para o MP Federal, que ratificaria (ou
não), com os mesmos (ou outros) argumento.
Convenhamos, é muita suposição para justificar uma invasão
judicial daquilo que é atribuição constitucional do Executivo.
E não é bom cuidar de assuntos de Justiça à base de
suposições, porque daqui a pouco haverá quem suponha o impensável: que o
sistema judicial brasileiro se possa fazer semelhante a uma ação de
cúmplices, onde um distrai a vítima e outros invadem-lhe a casa para roubar o
precioso bem da liberdade.
E que, ainda com esses estratagemas, abra-se caminho para um
julgamento político no Congresso que leve à derrubada de uma governante eleita,
sem exame dos fatos, apenas com a exaltação dos ânimos.
Evidente que nada legítimo e aceitável socialmente sairia de
um processo assim.
É hora de se olhar com urgente seriedade a que a
judicialização da política – ao ponto de um juiz de comarca virar “salvador da
pátria” – e a brutalização espetacular da ação judicial estão nos levando.
Qualquer pessoa minimamente serena percebe que se formaram
por toda parte grupos ferozes, agressivos, gritando e xingando como loucos,
prontos para “dar porrada” em quem deles discordar. E olhe que nem precisa ser
discordar muito, como aconteceu no caso do bobalhão do tal “Revoltados Online”,
que teve de se esconder dos seus próprios “admiradores”, que
o chamavam de “comunista” por não querer bloquear à força a manifestação
de ontem na Avenida Paulista
POR FERNANDO BRITO
Qualquer um de nós, na própria vida pessoal, sabe a diferença
entre discutir, discordar e até contestar e perder as estribeiras e ir para a
briga de tapas, pontapés e xingamentos. Daquelas em que não importa nem
como nem onde, o argumento é bater.É assim que estamos.Pior, que estamos sendo
obrigados a estar.
Independente de qualquer análise técnica ou legal, ficou
evidente que o juiz Sérgio Moro fez uso político do processo em que investiga
(é, é isso mesmo, embora a função do juiz não seja a de investigar) ao
divulgar, tão logo anunciada a nomeação de Lula para a Casa Civil.
É tão nítido que é nos grampos – nos questionáveis ou não e
em outros cuja a legalidade é impensável supor, como o efetuado no diálogo
entre o Ministro Jaques Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, ao que se
saiba sequer investigado pela Lava Jato, se alegar-se que era ele o grampeado,
por ser o grampo sobre ministro de Estado, sem autorização da Suprema Corte,
uma violação tão confessa da lei que resultaria em prisão do juiz – que
Gilmar Mendes neles sustenta sua incrível decisão, para concluir que se tratou
de uma fuga a uma ordem de prisão que não existe e muito menos estaria
iminente.
A menos que Mendes pudesse considerar iminente o atendimento
do pedido – que o país inteiro, inclusive a Oposição já viu estapafúrdio – dos
“aloprados” do MP paulista, que sequer tinham chegado à Vara de Moro e que, no
mínimo, teria de ser aberto a vistas para o MP Federal, que ratificaria (ou
não), com os mesmos (ou outros) argumento.
Convenhamos, é muita suposição para justificar uma invasão
judicial daquilo que é atribuição constitucional do Executivo.
E não é bom cuidar de assuntos de Justiça à base de
suposições, porque daqui a pouco haverá quem suponha o impensável: que o
sistema judicial brasileiro se possa fazer semelhante a uma ação de
cúmplices, onde um distrai a vítima e outros invadem-lhe a casa para roubar o
precioso bem da liberdade.
E que, ainda com esses estratagemas, abra-se caminho para um
julgamento político no Congresso que leve à derrubada de uma governante eleita,
sem exame dos fatos, apenas com a exaltação dos ânimos.
Evidente que nada legítimo e aceitável socialmente sairia de
um processo assim.
É hora de se olhar com urgente seriedade a que a
judicialização da política – ao ponto de um juiz de comarca virar “salvador da
pátria” – e a brutalização espetacular da ação judicial estão nos levando.
Qualquer pessoa minimamente serena percebe que se formaram
por toda parte grupos ferozes, agressivos, gritando e xingando como loucos,
prontos para “dar porrada” em quem deles discordar. E olhe que nem precisa ser
discordar muito, como aconteceu no caso do bobalhão do tal “Revoltados Online”,
que teve de se esconder dos seus próprios “admiradores”, que
o chamavam de “comunista” por não querer bloquear à força a manifestação
de ontem na Avenida Paulista
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