São Paulo – A Avenida Paulista, em São
Paulo, reuniu 500 mil pessoas nesta sexta-feira (18) num ato em defesa da
democracia, da legalidade e contra o golpe, segundo os organizadores. Eram
professores, aposentados, catadores de material reciclável, artesões e estudantes
que diariamente constroem o país com trabalho e participação política.
“O golpe que se quer dar não é contra a
corrupção. É mais que o PT, o Lula ou a Dilma. É contra os direitos sociais, a
liberdade e a ascensão dos mais pobres”, disse o estudante de física do
Instituto Federal de Itapetininga Cícero Augusto, de 18 anos. “A classe média
quer manter seus privilégios. É contra os direitos sociais e os avanços que
tivemos nesses anos. Somos alunos de escola pública e estudamos em um instituto
federal, para sermos professores. Há algum tempo isso era impensável.”
A alguns metros dele, uma família de
professores da rede pública, vinda de Campinas, também engrossava o coro contra
o golpe. “Estamos aqui porque somos contra a ameaça à democracia. A crise
política e econômica precisa ser resolvida, mas respeitando as leis. Pela
legalidade”, diz a professora Dirce Zan, de 46 anos. “Se há indícios de algo
errado, o Lula deve ser investigado como qualquer brasileiro. Só que se deve
respeitar a ele e às leis, como com qualquer um. E com a Dilma também. Hoje não
há nada que justifique o impeachment. Ela tá sendo acusada injustamente.”
“Estão atacando a democracia com agressões nas ruas, movimentos
fascistas que se dizem contra a corrupção, grampos e prisões ilegais, linchamento
midiático. O impeachment é um golpe que vai ser dado por um grupo de
parlamentares que se sabe que são corruptos, como o Eduardo Cunha (presidente
da Câmara dos Deputados). Isso sim é um atentado à democracia. É vai abrir
precedente para se fazer qualquer coisa neste país”, disse o professor José
Roberto Zan, de 60 anos. “Não existe nação se todos não puderem participar da
vida pública, ter acesso ao consumo, à educação. E essa é a marca do tempo do
Lula: inclusão social, acesso à universidade.”
A catadora de materiais recicláveis Dalva
de Oliveira, de 53 anos, concordou. “Temos de agradecer o Lula por tudo de bom
que ele fez. Melhorou muito a vida das pessoas no tempo dele. No Nordeste nós
vivíamos sem luz, com água de poço. A vida melhorou 100%”, conta Dalva, que
nasceu na Bahia e migrou para o Paraná ainda criança para trabalhar na roça com
pai.
Há 14 anos ela vive na cidade paulista de Votorantim. “Os
programas do Lula foram muito importantes para nós. O Bolsa Família salvou a
vida de muita gente. Hoje a gente pode comer melhor, não é só o que sobra”,
continuou. “O catador antes era massacrado. Ninguém nos respeitava. Mas o Lula
foi na cooperativa, comeu com a gente, ouviu. E abriu possibilidades pra gente
viver bem com a reciclagem.”
“Defendi Getúlio em 54 e Jango na década de 60. Lutei pelas
Diretas. A democracia nunca conseguiu passar de 30 anos. Por que um golpe
agora?”, questionou o aposentado lavo Franco da Rocha, de 82 anos, para o
jornalBrasil De Fato. “Nós não podemos ficar à mercê de uma TV
manipuladora que quer sequestrar o Brasil”, disse a artesã Marina, de 60 anos.
Com reportagem de Rodrigo Gomes
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