Assaltos em ponto de ônibus da Avenida Daniel de La Touche tem apavorado transeuntes
Sinal aberto: apesar da atuação da Polícia Militar nas proximidades, os assaltos são constantes |
Para conversar com a reportagem, as pessoas interpeladas preferiram assegurar que não teriam os nomes identificados na matéria, por receio de serem vítimas de eventuais represálias da parte de quem tem envolvimento com as ocorrências criminosas, confirmadas pelos diversos relatos. Até em depoimentos de quem afirmou nunca ter vivenciado pessoalmente alguma ação de assaltantes naquela região, registraram-se episódios desse tipo, pelos quais familiares ou conhecidos teriam passado.
De acordo com um morador do Ipase de Cima, as abordagens a pedestres e veículos já começariam a partir das 16h, nos dias de semana, aumentando à medida que se intensifica o movimento da avenida. O morador do bairro se encontrava em um ponto de ônibus, e informou que esses locais de espera do transporte público costumam ser escolhidos pelos assaltantes por reunirem usuários desprevenidos, muitas vezes com bolsas e sacolas e prestando atenção à vinda dos coletivos.
Uma pessoa que trabalha nas proximidades disse que muitos motoristas de ônibus nem chegam a parar nos pontos onde ocorre a maioria dos assaltos, no intervalo entre a Ponte Caratatiua e o Shopping da Ilha, desconfiados de que algum “passageiro” possa ser um criminoso infiltrado, com intenção de roubar os usuários convencionais. Essa mesma pessoa informou que, após as abordagens, realizadas principalmente no início da manhã, quando os moradores saem das casas em direção ao trabalho, os autores de furtos e roubos normalmente se refugiam na área de mangue situada após o conjunto de residências do Ipase de Baixo. Segundo ela, é comum que os taxistas também se recusem a deixar passageiros nessa região, dominada pelo tráfico de drogas.
Proprietário de um estabelecimento no Ipase de Cima, outro entrevistado pela reportagem disse que os assaltantes agiriam ainda arrombando as casas das imediações, inclusive daquelas protegidas por muros altos, cachorros e sistemas de segurança. Ele relatou que um homem, conhecido no bairro pela prática de delitos, já ofereceu um aparelho de televisão que tinha acabado de subtrair de uma residência. Diante da resposta negativa do empresário, o homem continuou naturalmente a busca de eventuais interessados em comprar o produto, como se realizasse um corriqueiro comércio ambulante.
Em relação ao policiamento ostensivo na área, as pessoas que prestaram informações à reportagem concordaram que as rondas de viaturas policiais ocorrem regularmente, mas os assaltantes aproveitariam os intervalos entre uma passagem e outra das guarnições, dificultando a captura. No entanto, várias prisões de envolvidos com a criminalidade daquela região da cidade já teriam sido bem sucedidas, de acordo com os entrevistados.
Polícia
Confirmando a ocorrência dos diversos assaltos denunciados pelos moradores e frequentadores da Avenida Daniel de La Touche, a titular da delegacia do Vinhais (4º DP), Rizza Caldas, responsável pela circunscrição do lado da via que compreende o Ipase de Baixo, disse que a situação vem se agravando desde o ano passado. Segundo a delegada, o aumento do número de pessoas e veículos em circulação naquela área, a partir do funcionamento do shopping center, tornou-se um atrativo para os criminosos, apesar da ação permanente da Polícia Militar nas imediações do Ipase, bairro que já seria conturbado pela existência de pontos de tráfico, marcadamente na Vila Cristalina. Rizza Caldas ressaltou que, assim como o traficante conhecido pelo apelido de “Porcão”, preso no último fim de semana, muitos envolvidos com o comércio ilegal de entorpecentes têm participação em assaltos. Sobre a recusa das pessoas em fornecerem informações relacionadas às ocorrências de crimes tanto à imprensa quanto à polícia, postura conhecida com “lei do silêncio”, a delegada esclareceu que esse comportamento é observado em situações nas quais os moradores convivem próximo dos criminosos, e podem sofrer retaliações em razão de delatarem algum suspeito.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), a fim de obter dados sobre as denúncias da população ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), acerca da ocorrência de crimes no Ipase. A razão da demanda foi ter uma estimativa mais abrangente do índice de assaltos e furtos naquele bairro, já que esse serviço de informações recebe muitas comunicações por telefone, que não chegam a ser registradas pelas vítimas em plantões e delegacias da Polícia Civil. Contudo, até o fechamento dessa matéria não houve resposta da instituição.
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